JOSUÉ Introdução
Introdução
O livro de Josué relata a conquista do território de Canaã, pelos hebreus, e sua distribuição pelas tribos, sob a chefia de Josué, sucessor de Moisés. Josué, a par de Caleb, foi o único dos doze enviados em missão de espionagem a Canaã (Números 13,30.33; 14,26.34) a mostrar confiança na ajuda de Deus para a conquista. Esta é o culminar de uma longa aventura, iniciada com a libertação do Egito, e que se estenderia por longos quarenta anos de prova, no deserto, durante os quais Deus formaria um povo e lhes daria as bases da sua civilização.
A possessão da terra de Canaã era a concretização de um sonho alimentado desde há séculos e para a qual o povo fora preparado. No entanto, não seria uma empresa rápida, nem pacífica, nem tão pouco isenta de dificuldades. Envolveria luta e requereria coragem e determinação e, sobretudo, confiança em Deus. A distribuição das terras, pelas várias tribos, deve ser entendida mais como um direito do que como um facto consumado, pois ainda havia muito território por conquistar (13,1), cabendo a cada tribo, uma vez instalada, o alargamento dos seus domínios (13,6).
Josué é, na forma, um dos livros historiográficos e narrativos do Antigo Testamento e boa parte da sua informação é corroborada pela arqueologia de Israel. Todavia, os acontecimentos aqui referidos assumem particular importância na história do povo eleito, porque correspondem à efetivação das promessas feitas aos antigos patriarcas. É nessa perspetiva que o autor se coloca. Se Deus foi fiel, ao cumprir o que prometera, também o povo deve corresponder à sua fidelidade. O Senhor desejava revelar-se a um povo que o amasse e obedecesse aos seus mandamentos (1,17). Esta ideia merece especial destaque no último capítulo, onde Josué convida o povo, reunido em Siquém, a renovar a sua aliança. Se até àquele momento, Deus tinha protegido o seu povo, de forma tão constante e evidente, este deveria comprometer-se a rejeitar todos os deuses estrangeiros e a servir só o Senhor. Por isso, Josué exorta o povo a seguir o seu exemplo: «Por minha parte, eu e a minha família serviremos o Senhor» (24,15).
Ninguém estava excluído do favor de Deus, nem mesmo o estrangeiro. Assim se explica a honra concedida a Raab, uma pagã natural de Jericó, cuja ajuda prestada aos israelitas, por temor a Deus (2,1–21; 6,22–25), lhe valeu ser poupada, juntamente com a sua família, ao morticínio dos habitantes da cidade, e ser mencionada no Novo Testamento, entre os heróis da fé (Hebreus 11,31 e Tiago 2,25). No fundo, Josué reveste-se de nítido valor teológico, como sucede com outros livros historiográficos (ver introduções a 1 Reis e 1 Crónicas).
Um dos elementos mais marcantes do relato é a guerra, que poderia significar a destruição completa das cidades inimigas e seus habitantes, o que poderá chocar a sensibilidade do leitor de hoje. No entanto, precisamos entendê-la no seu contexto: aos israelitas não foi dado o direito de destruírem e se apoderarem das riquezas dos outros por si mesmos; a terra e seus recursos são uma dádiva de Deus e Israel haveria de conviver com vizinhos, remanescentes destes inimigos derrotados e permanentemente hostis, que constituiram uma influência nefasta, pelo seu pecado e costumes perversos. O que estava em causa era a preservação do povo hebreu, em relação a tais influências, que constituíam uma transgressão violenta das leis de Deus.
Este livro pode sintetizar-se no seguinte plano:
— Entrada em Canaã e conquista do território: 1—12.
— Chamada de Josué por Deus: 1,1–18.
— Missão de espionagem a Jericó: 2,1–24.
— Travessia do Jordão: 3,1—4,24.
— Acampamento em Guilgal: 5,1–15.
— Tomada de Jericó: 6,1–27.
— Desaire de Ai e conquista definitiva: 7,1—8,35.
— Acordo com os guibeonitas: 9,1–27.
— Vitória sobre os amorreus: 10,1–43.
— Campanhas no norte: 11,1–23.
— Conquistas de Moisés na Transjordânia: 12,1–24.
— Partilha do território pelas doze tribos: 13—22.
— Territórios por conquistar: 13,1–22.
— Distribuição das terras de Canaã pelas tribos: 14,1—22,16.
— Últimos tempos da vida de Josué: 23—24.
— Advertência ao povo: 23,1–24.
— Discurso de despedida e morte de Josué: 24,1–33.
Currently Selected:
JOSUÉ Introdução: BPT09DC
Highlight
Share
Copy
Want to have your highlights saved across all your devices? Sign up or sign in
Copyright © 1993, 2009 Sociedade Bíblica de Portugal
JOSUÉ Introdução
Introdução
O livro de Josué relata a conquista do território de Canaã, pelos hebreus, e sua distribuição pelas tribos, sob a chefia de Josué, sucessor de Moisés. Josué, a par de Caleb, foi o único dos doze enviados em missão de espionagem a Canaã (Números 13,30.33; 14,26.34) a mostrar confiança na ajuda de Deus para a conquista. Esta é o culminar de uma longa aventura, iniciada com a libertação do Egito, e que se estenderia por longos quarenta anos de prova, no deserto, durante os quais Deus formaria um povo e lhes daria as bases da sua civilização.
A possessão da terra de Canaã era a concretização de um sonho alimentado desde há séculos e para a qual o povo fora preparado. No entanto, não seria uma empresa rápida, nem pacífica, nem tão pouco isenta de dificuldades. Envolveria luta e requereria coragem e determinação e, sobretudo, confiança em Deus. A distribuição das terras, pelas várias tribos, deve ser entendida mais como um direito do que como um facto consumado, pois ainda havia muito território por conquistar (13,1), cabendo a cada tribo, uma vez instalada, o alargamento dos seus domínios (13,6).
Josué é, na forma, um dos livros historiográficos e narrativos do Antigo Testamento e boa parte da sua informação é corroborada pela arqueologia de Israel. Todavia, os acontecimentos aqui referidos assumem particular importância na história do povo eleito, porque correspondem à efetivação das promessas feitas aos antigos patriarcas. É nessa perspetiva que o autor se coloca. Se Deus foi fiel, ao cumprir o que prometera, também o povo deve corresponder à sua fidelidade. O Senhor desejava revelar-se a um povo que o amasse e obedecesse aos seus mandamentos (1,17). Esta ideia merece especial destaque no último capítulo, onde Josué convida o povo, reunido em Siquém, a renovar a sua aliança. Se até àquele momento, Deus tinha protegido o seu povo, de forma tão constante e evidente, este deveria comprometer-se a rejeitar todos os deuses estrangeiros e a servir só o Senhor. Por isso, Josué exorta o povo a seguir o seu exemplo: «Por minha parte, eu e a minha família serviremos o Senhor» (24,15).
Ninguém estava excluído do favor de Deus, nem mesmo o estrangeiro. Assim se explica a honra concedida a Raab, uma pagã natural de Jericó, cuja ajuda prestada aos israelitas, por temor a Deus (2,1–21; 6,22–25), lhe valeu ser poupada, juntamente com a sua família, ao morticínio dos habitantes da cidade, e ser mencionada no Novo Testamento, entre os heróis da fé (Hebreus 11,31 e Tiago 2,25). No fundo, Josué reveste-se de nítido valor teológico, como sucede com outros livros historiográficos (ver introduções a 1 Reis e 1 Crónicas).
Um dos elementos mais marcantes do relato é a guerra, que poderia significar a destruição completa das cidades inimigas e seus habitantes, o que poderá chocar a sensibilidade do leitor de hoje. No entanto, precisamos entendê-la no seu contexto: aos israelitas não foi dado o direito de destruírem e se apoderarem das riquezas dos outros por si mesmos; a terra e seus recursos são uma dádiva de Deus e Israel haveria de conviver com vizinhos, remanescentes destes inimigos derrotados e permanentemente hostis, que constituiram uma influência nefasta, pelo seu pecado e costumes perversos. O que estava em causa era a preservação do povo hebreu, em relação a tais influências, que constituíam uma transgressão violenta das leis de Deus.
Este livro pode sintetizar-se no seguinte plano:
— Entrada em Canaã e conquista do território: 1—12.
— Chamada de Josué por Deus: 1,1–18.
— Missão de espionagem a Jericó: 2,1–24.
— Travessia do Jordão: 3,1—4,24.
— Acampamento em Guilgal: 5,1–15.
— Tomada de Jericó: 6,1–27.
— Desaire de Ai e conquista definitiva: 7,1—8,35.
— Acordo com os guibeonitas: 9,1–27.
— Vitória sobre os amorreus: 10,1–43.
— Campanhas no norte: 11,1–23.
— Conquistas de Moisés na Transjordânia: 12,1–24.
— Partilha do território pelas doze tribos: 13—22.
— Territórios por conquistar: 13,1–22.
— Distribuição das terras de Canaã pelas tribos: 14,1—22,16.
— Últimos tempos da vida de Josué: 23—24.
— Advertência ao povo: 23,1–24.
— Discurso de despedida e morte de Josué: 24,1–33.
Currently Selected:
:
Highlight
Share
Copy
Want to have your highlights saved across all your devices? Sign up or sign in
Copyright © 1993, 2009 Sociedade Bíblica de Portugal