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1 SAMUEL Introdução

Introdução
Os dois livros de Samuel seriam inicialmente um único. Como era muito longo, os tradutores para o grego te-lo-ão copiado para dois rolos diferentes, do que terá resultado a divisão.
O Primeiro Livro de Samuel apresenta em 31 capítulos a narrativa histórica da passagem do povo hebreu do período dos juízes para o da monarquia. Samuel foi o último juiz a governar o povo de Israel, vocacionado por Deus para a sua missão desde criança. A história política e religiosa fundem-se numa história única de salvação (1,1—7,17).
Devido à idade avançada de Samuel, corrupção dos seus filhos e dificuldades cada vez maiores do povo hebreu frente aos seus inimigos, especialmente os filisteus, o povo começou a reagir exigindo para as doze tribos um rei e uma monarquia, como acontecia com os outros povos. A monarquia traria a estabilidade. Assim, formaram-se dois partidos políticos: os que defendiam a teocracia, em que Javé era o único rei, governando o povo através de juízes carismáticos, sem assimetrias de camadas sociais, e os que defendiam a monarquia, com todas as consequências sociais, como a implantação da sociedade dos nobres ou familiares do rei. Prevaleceu esta última corrente (8,1—10,27), que acaba por ser abençoada por Deus.
Para primeiro rei foi escolhido Saul, ungido por Samuel, guerreiro valoroso contra os inimigos de Israel. Cedo, porém, começou a abandonar a obediência a Deus, para seguir unilateralmente os seus projetos políticos, chamando a si não só os poderes de rei, mas também os de sacerdote. Pouco a pouco foi descaindo no crédito de Deus, à medida que o jovem David se impunha como guerreiro e como homem de Deus. Os ciúmes e a perseguição que Saul moveu contra David acabaram por arruiná-lo aos olhos de Deus, de Samuel, dos responsáveis do reino e do próprio povo (11,1—30,31). O livro termina com a descrição da morte de Saul e seus filhos, por altura de uma batalha contra os filisteus (31,1–13).
Este livro apresenta dois retratos do exercício do poder do soberano. Por um lado, a perspetiva divina: o rei designado e ungido por Deus, cumprindo a sua missão ao serviço do bem e da prosperidade do povo, com justiça e imparcialidade, promovendo a paz. O rei perfeito é o próprio Deus; David é o modelo deste tipo de rei. Por outro lado, a ambição do povo por um rei denota a rejeição do Senhor. Este rei exercerá o poder inspirado nos impulsos da sua própria vontade, entendimento e interesses, com a consequência do virar de costas aos mandamentos divinos, do abuso de poder e da injustiça social. Saul é o retrato deste tipo de soberano.
Este livro pode sintetizar-se no seguinte plano:
— Nascimento, crescimento e missão de Samuel: 1,1—7,17.
— Velhice de Samuel e ascensão de Saul: 8,1—11,15.
— Discurso de despedida de Samuel: 12,1–25.
— Desobediência de Saul a Deus: 13,1–15.
— Guerra de Saul e filhos contra os filisteus: 13,16—15,35.
— História de David: eleição e unção, ascensão e queda: 16,1—30,31.
— Morte de Saul: 31,1–13.

Atualmente selecionado:

1 SAMUEL Introdução: BPT09DC

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