LUCAS Introdução
Introdução
O autor deste Evangelho é geralmente considerado o companheiro a que Paulo se refere como «Lucas, o nosso querido médico» (Colossenses 4,14, ver ainda 2 Timóteo 4,11 e Filémon v. 24). É um cristão de origem gentia e o único autor bíblico não-judaico. Do mesmo autor temos um outro livro do Novo Testamento, o dos Atos dos Apóstolos (ver Introdução). Ambos foram escritos para o mesmo destinatário-leitor, Teófilo, desconhecido mas certamente homem de cultura grega. Quanto à data de composição da obra, parece provável que tenha visto a luz do dia após a primeira prisão domiciliária de Paulo em Roma, durante dois anos, já na década de 60 d.C. (ver Atos 28,16–31). O propósito deste Evangelho é fornecer uma narrativa segura para os leitores gentios de língua e cultura grega, carecidos de um relato circunstanciado da vida, feitos e ministério de Jesus, fundamentarem a sua aprendizagem da doutrina cristã. O autor assume o seu livro como um relato cuidado e ordenado sobre a vida de Jesus, resultante da consulta dos escritos existentes acerca do assunto e da investigação aturada dos factos (1,1–4).
Essa preocupação é visível, por exemplo, em episódios que não se acham nos outros Evangelhos. Relativamente ao nascimento e à infância de Jesus, bem como em relação a João Batista, seu precursor: a anunciação angélica feita aos pastores, os belos cânticos de Maria (Magnificat), de Zacarias (Benedictus) e de Simeão (Nunc dimitis), a mudez de Zacarias, a visita de Maria a Isabel e o reconhecimento, pelos profetas Simeão e Ana, de Jesus como o Messias prometido a Israel, e ainda a discussão de Jesus, com doze anos, com os doutores da lei no templo em Jerusalém (1,5—2,52). Relativamente ao ministério público de Jesus, fornece mais dados sobre a sua visita à sinagoga de Nazaré (4,14–37).
Lucas relata ainda a atividade de Jesus na Galileia (4,14—9,50) e descreve amplamente a sua derradeira viagem para Jerusalém (9,51—21,38). O livro termina com um sucinto relato da ascensão de Jesus após a ressurreição, num derradeiro encontro com os discípulos (24,36–52). Este relato, bem como o diálogo entre Jesus e os discípulos, é retomado no início de Atos (1,3–11). O resultado de um trabalho tão aturado é o mais extenso dos Evangelhos.
Tematicamente, uma das características deste Evangelho é a constante preocupação pelos pobres e necessitados, pelos que sofrem e pelos socialmente desprezados. As parábolas «o Bom Samaritano» (10,25–37), «o Filho Pródigo» (15,11–32) e «Lázaro e o Rico» (16,19–31) aparecem apenas neste Evangelho. As suas notas dominantes são a persistência na oração e as referências ao Espírito Santo, bem como o perdão dos pecados e o papel das mulheres no ministério de Jesus. Tecnicamente, caracteriza-se por um bom domínio literário da língua grega.
Este Evangelho apresenta Jesus não apenas como o Salvador prometido do povo de Israel, mas também como o Salvador de toda a Humanidade, o que seria bem recebido por cristãos de origem não-judaica. Para os homens e as mulheres de hoje este Evangelho é sem dúvida o mais acessível. Seguindo atentamente o registo dos factos, o leitor descobre neles paulatinamente o Salvador.
O Evangelho segundo Lucas pode sintetizar-se no seguinte plano:
— Introdução do narrador: 1,1–4.
— Nascimento e infância de João Batista e de Jesus: 1,5—2,52.
— Atividade de João Batista: 3,1–20.
— Batismo e tentação de Jesus: 3,21—4,13.
— Atividade de Jesus na Galileia: 4,14—9,50.
— Ensinamentos de Jesus a caminho de Jerusalém: 9,51—19,27.
— Atividade de Jesus em Jerusalém: 19,28—21,38.
— Paixão, morte e ressurreição: 22,1—24,53.
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LUCAS Introdução: BPT09DC
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Copyright © 1993, 2009 Sociedade Bíblica de Portugal
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O autor deste Evangelho é geralmente considerado o companheiro a que Paulo se refere como «Lucas, o nosso querido médico» (Colossenses 4,14, ver ainda 2 Timóteo 4,11 e Filémon v. 24). É um cristão de origem gentia e o único autor bíblico não-judaico. Do mesmo autor temos um outro livro do Novo Testamento, o dos Atos dos Apóstolos (ver Introdução). Ambos foram escritos para o mesmo destinatário-leitor, Teófilo, desconhecido mas certamente homem de cultura grega. Quanto à data de composição da obra, parece provável que tenha visto a luz do dia após a primeira prisão domiciliária de Paulo em Roma, durante dois anos, já na década de 60 d.C. (ver Atos 28,16–31). O propósito deste Evangelho é fornecer uma narrativa segura para os leitores gentios de língua e cultura grega, carecidos de um relato circunstanciado da vida, feitos e ministério de Jesus, fundamentarem a sua aprendizagem da doutrina cristã. O autor assume o seu livro como um relato cuidado e ordenado sobre a vida de Jesus, resultante da consulta dos escritos existentes acerca do assunto e da investigação aturada dos factos (1,1–4).
Essa preocupação é visível, por exemplo, em episódios que não se acham nos outros Evangelhos. Relativamente ao nascimento e à infância de Jesus, bem como em relação a João Batista, seu precursor: a anunciação angélica feita aos pastores, os belos cânticos de Maria (Magnificat), de Zacarias (Benedictus) e de Simeão (Nunc dimitis), a mudez de Zacarias, a visita de Maria a Isabel e o reconhecimento, pelos profetas Simeão e Ana, de Jesus como o Messias prometido a Israel, e ainda a discussão de Jesus, com doze anos, com os doutores da lei no templo em Jerusalém (1,5—2,52). Relativamente ao ministério público de Jesus, fornece mais dados sobre a sua visita à sinagoga de Nazaré (4,14–37).
Lucas relata ainda a atividade de Jesus na Galileia (4,14—9,50) e descreve amplamente a sua derradeira viagem para Jerusalém (9,51—21,38). O livro termina com um sucinto relato da ascensão de Jesus após a ressurreição, num derradeiro encontro com os discípulos (24,36–52). Este relato, bem como o diálogo entre Jesus e os discípulos, é retomado no início de Atos (1,3–11). O resultado de um trabalho tão aturado é o mais extenso dos Evangelhos.
Tematicamente, uma das características deste Evangelho é a constante preocupação pelos pobres e necessitados, pelos que sofrem e pelos socialmente desprezados. As parábolas «o Bom Samaritano» (10,25–37), «o Filho Pródigo» (15,11–32) e «Lázaro e o Rico» (16,19–31) aparecem apenas neste Evangelho. As suas notas dominantes são a persistência na oração e as referências ao Espírito Santo, bem como o perdão dos pecados e o papel das mulheres no ministério de Jesus. Tecnicamente, caracteriza-se por um bom domínio literário da língua grega.
Este Evangelho apresenta Jesus não apenas como o Salvador prometido do povo de Israel, mas também como o Salvador de toda a Humanidade, o que seria bem recebido por cristãos de origem não-judaica. Para os homens e as mulheres de hoje este Evangelho é sem dúvida o mais acessível. Seguindo atentamente o registo dos factos, o leitor descobre neles paulatinamente o Salvador.
O Evangelho segundo Lucas pode sintetizar-se no seguinte plano:
— Introdução do narrador: 1,1–4.
— Nascimento e infância de João Batista e de Jesus: 1,5—2,52.
— Atividade de João Batista: 3,1–20.
— Batismo e tentação de Jesus: 3,21—4,13.
— Atividade de Jesus na Galileia: 4,14—9,50.
— Ensinamentos de Jesus a caminho de Jerusalém: 9,51—19,27.
— Atividade de Jesus em Jerusalém: 19,28—21,38.
— Paixão, morte e ressurreição: 22,1—24,53.
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