Sermão Do MonteSample

Jesus, a partir de agora, concentra-Se nos relacionamentos dentro da comunidade dos que creem e entre cristãos e descrentes. Primeiro, Jesus fala sobre como nos devemos relacionar uns com os outros quando um dos nossos irmãos se comporta mal. Que tipo de correção deve ocorrer na família de cristãos?

É muito comum que se entenda esta fala de Jesus como se nos estivesse a instruir a suspender qualquer tipo de julgamento moral em relação a outras pessoas, ou seja, que devemos fechar os olhos para as falhas dos outros e negarmo-nos a fazer distinção entre a verdade e o erro ou entre a boa conduta e o comportamento pecaminoso. Mas o que Jesus nos ensina não é que sejamos cegos para o mal ou o erro, mas que não tenhamos uma atitude de “julgamentalismo”, como diz John Stott - ser alguém propenso a julgar duramente, sem misericórdia, graça ou amor.

Com uma imagem cómica, Jesus alerta-nos sobre a nossa tendência de exagerar as falhas dos outros enquanto minimizamos a seriedade dos nossos próprios erros. Temos uma visão promissora de nós mesmos e cética das pessoas ao redor. Isso é um grande problema porque, quando nos esquecemos dos nossos próprios pecados, não saberemos lidar corretamente com os pecados do outro. Entretanto, quando tratamos das nossas falhas diante de Deus, nós sentimos a dor que é retirar o tronco do olho, e então estaremos sensíveis e seremos graciosos, assim como o Senhor foi connosco.

A “regra de ouro” de Jesus também cabe muito bem aqui: “Faça aos outros o que gostaria que fizessem a si”. Esse princípio pode transformar as nossas ações. “Se nos colocássemos de forma sensível no lugar da outra pessoa e desejássemos para ela o que desejamos para nós mesmos, nunca seríamos mesquinhos, mas sempre generosos; nunca seríamos duros, mas sempre compreensivos; nunca seríamos cruéis, mas sempre amáveis.” (John Stott). A regra de ouro também nos ajuda a não sermos indiferentes ao pecado do nosso irmão ou irmã. Afinal, se estivesse a caminhar em pecado para longe de Cristo, não gostaria de ser alertado em amor por um irmão ou irmã?

Por fim, logo depois de falar sobre como devemos ser cuidadosos com as falhas dos outros, as palavras de Jesus são desafiadoras e parecem, inclusive, controversas: “não joguem pérolas aos porcos”. Como assim? Ao dar nomes de “porcos” e “cães” às pessoas, Jesus está a referir-se àqueles que têm muitas chances de ouvir o evangelho, mas o rejeitam de maneira decisiva e até desafiadora. É claro que a nossa resposta cristã normal é sermos pacientes e perseverarmos com os outros, como Deus pacientemente tem perseverado connosco. Mas, excecionalmente, em casos de grande resistência e oposição à mensagem do evangelho, o conselho de Jesus é não insistir.

Para refletir e praticar:

• Em que áreas tende a ser mais crítica com outras pessoas?
• Leia Mateus 18:15-17. O que esta passagem, em conjunto com este trecho do Sermão, lhe ensina sobre resolver conflitos?
• Qual é a sua maior dificuldade ao confrontar alguém? Como podemos fazer isso de forma bíblica?
• Leia Mateus 10: 14-16. Como é que esta passagem se relaciona com o versículo 6?

Desafio:

Tratou alguém nesta semana de uma maneira que não gostaria de ser tratado? Como poderá desculpar-se com essa pessoa ou reparar o dano que lhe fez?