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2 SAMUEL 19:1-39

2 SAMUEL 19:1-39 BPT09DC

O rei ficou muito deprimido com esta notícia. Foi para o seu quarto, situado por cima da porta da cidade e pôs-se a chorar. Caminhava dum lado para outro a gritar: «Ó meu filho Absalão! Meu querido Absalão! Quem me dera ter morrido em vez de ti! Ó Absalão, meu filho querido!» Foram dizer a Joab que o rei estava a chorar e a lamentar-se por causa de Absalão. Naquele dia, a alegria da vitória transformou-se em tristeza para todo o povo, porque os soldados souberam que o rei estava muito abatido por causa da morte de seu filho. Entraram às escondidas na cidade, como se fossem soldados envergonhados fugindo da batalha. O rei, de rosto coberto, continuava a gritar: «Ó meu filho Absalão! Absalão, meu querido filho!» Joab foi ter com o rei a sua casa e disse-lhe: «Ó rei, meu senhor, com esta maneira de proceder, estás a cobrir de vergonha os teus soldados, que te salvaram a vida e a vida dos teus filhos e filhas e a vida de todas as tuas mulheres. Até parece que o rei ama aqueles que lhe querem mal e quer mal àqueles que o amam. O rei está a dar a entender que os chefes do seu exército e todos os seus oficiais nada contam para ele. Até parece que acharia normal se todos nós estivéssemos hoje mortos e Absalão estivesse vivo. Levanta-te! O rei tem que reagir e tem que ir falar aos soldados com palavras que encoragem. Se não for, juro-lhe pelo SENHOR que nem um só ficará convosco por mais tempo. E isso seria para o rei uma desgraça maior que todas as que já sofreu, desde a mocidade.» Então o rei levantou-se e foi colocar-se junto da porta da cidade. Foram anunciar o facto aos soldados e eles reuniram-se todos à volta do rei. Os soldados de Absalão tinham fugido, cada qual para as suas casas. Entretanto em todas as tribos de Israel discutia-se fortemente e dizia-se: «O rei livrou-nos dos nossos inimigos, especialmente dos filisteus, e agora viu-se obrigado a fugir do país por causa de Absalão. Mas Absalão, que tínhamos escolhido para rei, acaba de morrer na guerra. Por que esperamos agora mais tempo? Por que não fazemos voltar o rei David?» Por seu lado, David mandou esta mensagem aos sacerdotes Sadoc e Abiatar: «Falem aos anciãos de Judá e perguntem-lhes: “Por que é que são os últimos a querer que o rei regresse ao seu palácio, quando ele mesmo está ao corrente das intenções do resto de Israel? Vocês são os meus irmãos, os meus parentes mais próximos. Por que é que são os últimos a querer que eu volte como rei?” Depois vão também dizer a Amassá: “Não és tu da minha família? Que Deus me castigue severamente, se eu não te colocar na chefia do exército em vez de Joab!”» As palavras de David convenceram toda a gente de Judá, sem exceção de ninguém. E mandaram dizer ao rei: «Regressa, tu e toda a tua gente!» Então o rei pôs-se a caminho e chegou até às margens do Jordão. E os habitantes de Judá foram a Guilgal, ao encontro do rei, para o ajudar a atravessar o rio. Simei, filho de Guera, o benjaminita de Baurim, apressou-se em ir ao encontro de David juntamente com as gentes de Judá. Ele ia acompanhado de mil homens da tribo de Benjamim, e ainda de Siba, o criado da família de Saul, e dos seus quinze filhos e vinte criados. Atravessaram o Jordão à frente do rei, para ajudarem a família real a atravessar o rio e para executarem as ordens que o rei lhes quisesse dar. Logo que o rei atravessou o Jordão, Simei lançou-se por terra diante dele e disse-lhe: «Rei, perdoe-me a minha culpa! Esqueça a falta que cometi no dia em que o rei deixou Jerusalém. Por favor, não a leve em consideração! Eu reconheço a minha falta. Por isso vim hoje, antes de qualquer outro das tribos do norte, ao seu encontro, ó meu senhor e meu rei.» Nisto Abisai, filho de Seruia, interveio e disse ao rei: «Será este um motivo bastante para não matar Simei, uma vez que ele amaldiçoou o rei escolhido do SENHOR?» Mas David disse a Abisai e ao seu irmão Joab: «Por que é que vocês se intrometem na minha vida? Por que é que se voltam contra mim, neste dia? Hoje nenhum israelita deve morrer, pois é o dia em que estou seguro de voltar a ser o rei de Israel.» E o rei disse a Simei: «Tu não morrerás! Sou eu que o juro!» Mefiboset, neto de Saul, foi também ao encontro do rei. Desde o dia em que o rei tinha partido até ao momento em que voltou são e salvo, nunca mais tinha lavado os pés, nem aparado a barba, nem lavado a roupa. Quando se apresentou diante do rei, este perguntou-lhe: «Mefiboset, por que é que não partiste comigo?» E Mefiboset respondeu-lhe: «Foi por culpa do meu criado, que me enganou. Embora seja aleijado, tinha pensado em mandar preparar a minha mula e montar nela para ir com o rei. Mas o meu servo foi contar ao rei mentiras a meu respeito. Porém o rei, meu senhor, é sábio como um anjo de Deus. Faça como lhe parecer bem. De facto, para o rei, meu senhor, só havia na família do meu avô Saul gente que merecia a morte. Mas apesar disso, o rei admitiu-me entre os que comem à sua mesa. Terei ainda algum direito? Poderei reclamar alguma coisa?» O rei disse-lhe: «Não digas mais palavras! Determino que tu e Siba sejam herdeiros das terras de Saul!» E Mefiboset disse: «Siba até pode ficar com tudo. O importante é que o meu senhor e rei volte são e salvo ao seu palácio.» Barzilai, natural de Roguelim, em Guilead, acompanhou também o rei; foi desde a sua terra até ao Jordão e despediu-se dele junto do rio. Barzilai era um homem bastante idoso, pois já tinha oitenta anos. Como era muito rico, abasteceu o rei durante a sua estadia em Manaim. O rei disse-lhe: «Vem comigo para Jerusalém, que eu te sustentarei em tudo o que for preciso.» Mas Barzilai respondeu ao rei: «Quanto tempo me resta ainda para viver, para que valha a pena ir convosco para Jerusalém? Já fiz oitenta anos e por isso não estou em idade de distinguir o que tem bom ou mau sabor, nem de apreciar a boa comida e a boa bebida, nem as vozes dos cantores e das cantoras. Por que é que este seu servo se há de tornar um peso para o rei? Já fico contente por poder atravessar o Jordão convosco. Nem sou digno de merecer do rei uma tal recompensa! Permita-me que regresse à minha cidade, para aí morrer junto dos túmulos de meu pai e minha mãe. Mas aqui está o meu filho Quimeam. Ele irá com o rei, meu senhor; trate-o como melhor lhe parecer.» Então o rei disse: «Pois seja como desejas. Quimeam irá comigo e farei por ele tudo o que te agradar. E tudo quanto me pedires, também to concederei.»