LAMENTAÇÕES 2:1-22
LAMENTAÇÕES 2:1-22 BPT09DC
Eis como o Senhor, na sua ira, continua a cobrir Jerusalém de escuridão! Deitou por terra o esplendor de Israel, que se erguia para o céu; no dia da sua ira, esqueceu-se que Sião era o estrado para os seus pés. O Senhor destruiu sem misericórdia as habitações do seu povo; no auge da sua ira, derribou as fortalezas de Judá; deitou-as completamente por terra; e destruiu o reino e os seus príncipes. Na sua cólera intensa, abateu o poderio de Israel. E recusou-se a intervir, quando apareceu o inimigo. Consumiu o seu povo como o fogo que tudo devora. Qual inimigo, esticou bem o arco, com a mão direita pronta a disparar; comportou-se como nosso adversário, destruindo o que mais estimávamos. Qual fogo avassalador pôs em escombros o templo de Jerusalém. Sim, o Senhor parecia nosso inimigo quando aniquilou a Israel, derribou os seus palácios e deitou por terra as suas fortalezas; e obrigou o povo de Judá a gemer e a lamentar-se sem cessar. O seu templo ficou como um pomar devastado, a sua sala de culto foi deitada por terra. O SENHOR fez com que se esquecessem dos sábados e das festas de Sião. No auge da sua ira, repudiou o rei e os sacerdotes. O Senhor não quer mais o seu altar e abandonou o seu santuário, ao entregar nas mãos dos inimigos as paredes dos palácios de Sião. A algazarra que eles faziam no templo do SENHOR era tanta que até parecia um dia de festa. O SENHOR decidiu destruir os muros de Jerusalém. Ele estendeu a linha de nivelar e não parou de demolir. Cobriu de luto as ameias e os muros e ficou tudo destruído. Os portões caíram por terra; os seus fechos foram despedaçados. O rei e a corte foram presos pelos pagãos. Reina a anarquia, pois até os seus profetas já não recebem mensagens do SENHOR. Em silêncio sentam-se no chão, os chefes de Jerusalém. Deitam terra sobre as suas cabeças e vestem-se de luto. As jovens de Jerusalém andam pela rua de cabeça baixa, envergonhadas! Os meus olhos estão cansados de chorar, e as minhas entranhas revoltam-se. O meu desespero é imenso por causa da ruína do meu povo. Crianças e bebés morrem de sede nas praças da cidade. As crianças pedem às mães: «Não tens nada para eu matar a fome e a sede?» Como feridas mortalmente, desfalecem pelas praças da cidade, soltando o último suspiro ao colo das suas mães. Que mais te posso dizer, ó Jerusalém? Não há desgraça igual à tua! Que casos semelhantes te posso recordar, para te poder confortar, ó jovem cidade de Sião. A tua calamidade é tão grande como o mar. Quem te poderá trazer a cura? Os teus profetas dirigiram-te mensagens enganosas e falsas. Não desmascararam a tua maldade, para que a tua sorte fosse diferente. Pelo contrário, as mensagens que te dirigiam só te atiravam terra aos olhos. Aqueles que passam perto de ti aplaudem a tua ruína. Assobiam e abanam a cabeça fazendo troça de ti, Jerusalém: «Será esta, aquela cidade tão bela, que era o orgulho de toda a terra?» Os que querem o teu mal abrem a boca para te provocar. Assobiam-te e mostram-te os dentes. Dizem: «Dêmos cabo dela! O dia que esperávamos há tanto tempo, ele aí está finalmente!» O SENHOR fez o que tinha decidido e cumpriu a ameaça, que há muito tinha anunciado. Demolindo assim sem piedade, encheu o inimigo de alegria com a tua ruína e fortaleceu o seu orgulho. Que os teus lamentos e gemidos, ó Jerusalém, subam até ao Senhor! Não cesses de chorar, dia e noite; deixa correr as lágrimas como um rio. Não procures reconfortar-te, antes, dá largas ao teu pranto! Levanta-te e enche a noite, hora a hora, com os teus lamentos. Abre inteiramente o teu coração na presença do Senhor. Estende para ele as mãos em súplica, para que os teus filhos vivam, eles que morrem de fome às esquinas de todas as ruas. Olha, SENHOR! Repara bem a quem estás a tratar assim. As mulheres chegaram ao ponto de comer os filhos que elas geraram e criaram! E os sacerdotes e profetas foram mortos no teu santuário! Os jovens e os velhos jazem lado a lado nas ruas. Os meus filhos e filhas caíram mortos à espada. Mataste-os, dando largas à tua indignação, dizimaste-os sem piedade. Convidaste aqueles que me eram hostis como se se tratasse de um dia de festa. Nesse dia, o teu furor fez-se sentir e não houve sobreviventes, ninguém escapou. Os filhos que eu eduquei e vi crescer, foram exterminados pelo inimigo.