Apologética 101Exemplo

O cristianismo não é baseado na fé e não no conhecimento?

Neste ponto, tanto os crentes quanto os descrentes podem ter objeções. Os crentes podem dizer: “Você está perdendo o sentido do cristianismo. Não se trata de fatos; é sobre fé.” Os incrédulos poderiam concordar prontamente: “Vocês cristãos crêem pela fé; nós não-cristãos acreditamos em fatos. Pare de tentar nos dizer o que fazer.”

Steven Pinker, professor da Universidade de Harvard, define fé como “acreditar em algo sem boas razões para fazê-lo”. Mas isso é muito simplista, se não totalmente enganoso. Certamente, a fé bíblica é um dom de Deus (Efésios 2:8), e envolve confiar que Deus é quem Ele diz ser e fará tudo o que prometeu fazer. Mas a fé bíblica é baseada no conhecimento, não na obediência cega.

Em Colossenses 1:9-10, o apóstolo Paulo diz: “Por esse motivo, desde o dia em que ficamos sabendo de tudo isso, nunca paramos de orar em favor de vocês. Pedimos a Deus que encha vocês com conhecimento >da sua vontade e com toda a sabedoria e compreensão que o Espírito de Deus dá. Desse modo, vocês poderão viver como o Senhor quer e fazer sempre o que agrada a ele. Vocês vão fazer todo tipo de boas ações e também vão conhecer a Deus cada vez mais.” Quanto mais soubermos, mais capazes seremos de andar pela fé.

A fé bíblica não é cega. Como veremos, a Bíblia é única entre os livros porque inclui muitos detalhes específicos – detalhes que podem ser observados como verdadeiros ou não. Praticamente convida ao escrutínio. Os apóstolos não estavam confiantes de que sua fé seria interessante para os outros, mas que seria vista como factual.

Em 1 Coríntios 15:18-19, o apóstolo Paulo diz a seus leitores que, em essência, “E, se Cristo não foi ressuscitado, a fé que vocês têm é uma ilusão, e vocês continuam perdidos nos seus pecados. Se Cristo não ressuscitou, os que morreram crendo nele estão perdidos. Se a nossa esperança em Cristo só vale para esta vida, nós somos as pessoas mais infelizes deste mundo.” Talvez tenha sido baseado nas dúvidas ocasionais do próprio apóstolo Pedro que ele encorajou seus leitores a estarem preparados para dar boas razões para a esperança que depositaram em Cristo (1 Pe 3:15).

O que torna a fé válida não é que a tenhamos, mas que o objeto de nossa crença seja realmente digno de crença. O teólogo David Clark diz: “A fé deriva seu valor não da intensidade do crente, mas da genuinidade daquele em quem ele acredita. A verdadeira fé é a fé no objeto certo; a fé em uma pessoa infiel é inútil ou pior.” Não basta ser sincero em nossa crença.

Podemos acreditar sinceramente que nossos paraquedas serão acionados quando saltarmos de um avião sobre o Central Park, mas toda a sinceridade do mundo não ajudará se os paraquedas forem mochilas comuns.

Então, o que fazemos com a dúvida? Todos nós experimentamos dúvidas porque todos nós somos limitados em nosso conhecimento. Temos perguntas para as quais não obtivemos respostas satisfatórias. Mas a dúvida pode realmente ser uma parte saudável de uma vida pensativa e centrada em Cristo. Veja como o pastor Tim Keller diz isso:

“Uma fé sem dúvidas é como um corpo humano sem anticorpos. As pessoas que alegremente passam a vida muito ocupadas ou indiferentes para fazer perguntas difíceis sobre por que acreditam que acreditam se sentirão indefesas contra a experiência da tragédia ou as perguntas investigativas de um cético inteligente. A fé de uma pessoa pode desmoronar quase da noite para o dia se ela falhar ao longo dos anos em ouvir pacientemente suas próprias dúvidas, que só devem ser descartadas após longa reflexão.”

Lidar com a dúvida faz parte do que significa amadurecer na fé. É preciso coragem para duvidar. Mas aqui está uma chave extremamente importante: em vez de apenas desistir, você deve ser específico sobre o que o incomoda e deve reunir a vontade de procurar respostas. Aprenda a duvidar de suas dúvidas para que elas não dominem tudo em sua vida.

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