Encontros com JesusExemplo

O VERBO SE FAZ CARNE

“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai”. Ao meditar sobre este versículo sou tomado por uma profunda sensação de incapacidade. O texto resume numa única frase a mais misteriosa transformação jamais vista na história do Universo. O Verbo que deu existência à própria vida se despe da Sua eternidade para se vestir de uma frágil e transitória condição que implica ser humano; com efeito, Deus em sandálias.

Somente ao considerarmos quão relutantes somos em sair dos nossos pequenos mundos para sequer demonstrar um breve interesse pela vida de outras pessoas, podemos entender a grandeza desse empreendimento missionário que sacudirá os próprios fundamentos do Universo. De fato, “pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz ” (Filipenses 2:6-8). A sua trajetória é totalmente contrária aos sonhos de grandeza que tanto anelamos. O Senhor aos poucos reduzirá o espaço que ocupa até se tornar “autolimitado” na figura de um humilde servo.

O que motivou o Senhor a impor tão drástica limitação à Sua condição divina? Foi uma inexplicável paixão para garantir um relacionamento conosco! O Verbo que escolhe habitar em carne segue o caminho da morte que livrará o homem das consequências de sua própria rebeldia contra o Criador. Representa muito mais do que a satisfação de uma exigência legal. Sendo rico, por amor a nós, fez-se pobre para que nós, por meio da Sua pobreza

chegássemos a ser ricos (2 Coríntios 8:9). O Seu exemplo mostra o único caminho pelo qual poderão ser aliviadas as aflições, os sofrimentos e as desventuras daqueles que andam em trevas. A redenção de uma pessoa implica sempre a presença de outra pessoa disposta a se sacrificar por ela. Quem sabe esta seja a razão pela qual a igreja consegue impactar tão pouco neste tempo. Todos sempre queremos que outros sejam salvos, desde que isso não signifique um sacrifício para nós.

A decisão de tomar a forma humana abrange também um ato de surpreendente misericórdia da parte do nosso Criador. A fragilidade da nossa condição humana não nos permite compreender nem suportar mesmo as mais tênues manifestações do Alto. Ao se fazer como um de nós, Ele consegue preencher a lacuna que nos separa dele e apresenta a Vida em um formato que os homens podem facilmente reconhecer. Ainda assim, é tão profunda a atrofia espiritual que o pecado nos tem imposto, que muitos não conseguem ao menos perceber a presença de Cristo entre eles.

Apesar disto, a passagem de Jesus pela Terra nos oferece o mais nítido retrato do Deus que “…estende os céus como cortina e os desenrola como tenda para neles habitar” (Isaías 40:22).