Cristo, Nossa Páscoa

1 Coríntios 5:6-8 é um texto que nos confronta com a seriedade do pecado e a magnificência da obra de Cristo. Aqui, Paulo recorre à imagem do fermento, algo pequeno, mas capaz de afetar toda a massa, para ilustrar como o pecado, mesmo parecendo insignificante, pode contaminar toda uma comunidade. A exortação é clara: assim como os judeus removiam o fermento de suas casas durante a Páscoa para simbolizar a purificação, os cristãos devem remover o pecado de suas vidas, reconhecendo a purificação trazida por Cristo, o nosso Cordeiro pascal.

A festa da Páscoa, no Antigo Testamento, era uma sombra do que estava por vir. O cordeiro imolado e o sangue aspergido nos umbrais das portas não apenas garantiam a libertação física de Israel do Egito, mas também apontavam para a redenção mais profunda e definitiva que seria alcançada pelo Cordeiro de Deus. Cristo, ao ser sacrificado, cumpre essa tipologia pascoal de forma perfeita e definitiva, garantindo não apenas a passagem da morte para a vida, mas a purificação do pecado e a reconciliação com Deus.

Em 1 Coríntios 5:7, Paulo afirma categoricamente que Cristo foi imolado por nós. O termo "nossa Páscoa" não está apenas associado à ideia de sacrifício, mas à realidade de que, em Cristo, o evento salvífico da Páscoa alcança seu cumprimento. Ele é o verdadeiro Cordeiro que foi sacrificado e cujo sangue nos purifica verdadeiramente, não apenas cobrindo os nossos pecados, mas removendo-os completamente.

A aplicação prática desse ensino é vital para a vida da igreja. No versículo 8, Paulo instrui a celebrarmos a festa não com o fermento do pecado, mas com os asmos da sinceridade e da verdade. Essa celebração vai além de uma lembrança litúrgica; ela deve ser vivida diariamente. A igreja é chamada a viver em santidade, consciente de que foi purificada e redimida a um alto preço, e que a presença do pecado é incompatível com a nova identidade que temos em Cristo.

Assim, a lembrança da morte de Cristo na Ceia do Senhor não é apenas um ato memorial, mas um chamado contínuo à santidade e ao exame de consciência. Cada crente é convocado a lançar fora o velho fermento de suas vidas, rejeitando o pecado em todas as suas formas e vivendo uma vida que seja reflexo da pureza e santidade de Cristo, nossa verdadeira Páscoa. Esta passagem nos desafia a viver de maneira digna do evangelho, em comunhão uns com os outros, e em uma celebração constante da libertação que temos em Cristo.