Não Tenha Medo!Exemplo

DEUS NÃO GOSTA DE COVARDES!

O Deus de Israel não gosta de covardes, afirma um filósofo do nosso tempo. Em sua visão há na Bíblia Hebraica duas virtudes morais que ele considera máximas, a coragem e a humildade. Ambas podem ser vistas na vida de Abraão, cujas ‘aventuras’ parecem hoje muito distantes do contexto em que vivemos, mas que foram suficientes para criar nele uma percepção da vontade divina tão clara que se tornou seu projeto de vida. Kierkegaard entendia que sempre houve grandes homens, reconhecidos por sua energia, sabedoria, esperança ou amor, mas Abraão foi o maior de todos. O que não significa dizer que ele tenha sido sempre alguém com extrema bravura.

Medo não é o oposto da coragem, e embora seja uma das realidades mais assustadores da vida, é um componente essencial da existência e inerente ao ser humano inclusive como fator de proteção.

Abraão foi gente de carne e osso, como nós, e clamou mais de uma vez, quando teve medo, para que Deus fortalecesse sua fé. Em uma época da história em que não se concebiam os elaborados discursos teológicos dos nossos dias, Yahweh respondeu aos clamores dando garantias compreensíveis de como agiria para cumprir Sua Palavra. No entanto, entre a promessa e seu cumprimento não há somente um período, há um acúmulo de tensões. Abraão havia recusado qualquer ganho material como recompensa dos reis com os quais havia se juntado, e deixado bem claro que o seu dever para com os seus aliados e para com o seu irmão, que fora capturado, constituía a sua única e suficiente motivação. Havia muito a perder, Abraão, no entanto, ganhou do Rei Eterno uma concessão semelhante às que os monarcas ofereciam a oficiais militares por serviços leais. Mas o medo de Abraão era justificável também por outra razão. Como alguém que corria riscos tão grandes de morrer podia esperar tranquilamente pela descendência numerosa prometida pelo Eterno? A resposta está no capítulo 15 de Gênesis, o cerne dessa história. Falando diretamente, Deus prometeu ser o mesmo no futuro, protegendo-o como um poderoso escudo, diante de reis, e dar a Abraão uma grande recompensa, a única que ele precisaria. Vivemos hoje em tamanha crise espiritual, alimentada pela dúvida como dogma, que estamos mergulhados em um contexto em que tudo que é valor se encontra em liquidação. Esse contexto, entretanto, não pode dirigir nossas vidas. Nossas escolhas, mesmo quando resultados de esforços, determinam nosso andar. Nossas lutas e nossos medos são diferentes do que Abraão enfrentou, e Deus não está alheio às nossas dificuldades e não ignora os riscos que corremos ao fazer a Sua vontade. Ele é plenamente capaz de cumprir o que promete, sendo nosso escudo e única recompensa.

Não precisamos ter medo!

Wilson Avilla