O Senhor dos ExércitosExemplo

Oração

Passado já o primeiro mês (também o primeiro campo) dentro do quartel, eu constantemente buscava meios de pregar a palavra dentro de um cenário aparentemente fechado para isso. Nesse contexto, aproximava-se o segundo campo da formação: o campo básico. Um nível de dificuldade a mais, com vários veteranos nos dizendo que nesse campo sentiram o pior frio de suas vidas. Com o desafio, Deus me deu uma oportunidade: pouco antes de sairmos, tomei coragem, subi no banco do alojamento e comecei a falar com meus irmãos de farda:

“Senhores, estamos indo para mais um momento em que seremos levados ao extremo. Muitas vezes, nessas dificuldades não temos nem o nosso canga a quem recorrer, mas Deus diz na sua palavra que mesmo no vale da sombra da morte ele estará conosco. Na noite mais escura, lembre-se disso, o Senhor ouve nossas orações! É hora de acertar a vida diante de Deus e confiar nEle!”

Lembro da feição de alguns, como se eu estivesse exagerando sobre o campo, ou como se as orações nem fossem fazer tanta diferença. Acontece que os que pensaram isso se enganaram: o campo foi devastador e naquele lugar foram ouvidas as orações mais sinceras que muitos já haviam feito.

O texto de hoje conta a história da batalha de Israel contra o povo amalequita, descendentes de Esaú e inimigos do povo judeu. Diferente da maior parte das batalhas, essa ocorreu em dois planos: um deles no confronto militar liderado por Josué, e o outro no plano espiritual –a intercessão de Moisés. O texto deixa claro que o sucesso da batalha dependia do bordão de Deus, que representava sua presença, estar erguido. Arão e Hur chegaram ao ponto de auxiliar o ancião a erguer seus braços, afinal, a batalha dependia disso: a intercessão não podia parar.

Voltando para o campo básico, na última madrugada antes da atividade final, eu olhava para meus irmãos de farda e via cada um exausto, fisicamente destruído. Até que alguém me chama: “Ô 30, ora por nós, vamos agradecer a Deus.” Reunimos como pelotão em roda e oramos juntos agradecendo o cuidado do Senhor. Semanas mais tarde, alguns comentaram sobre como as orações que faziam nos momentos mais críticos os permitiram passar pelas dificuldades. Várias orações minhas não passavam de: “Senhor, me ajude a parar de tremer de frio” ou então “Senhor, meu corpo não aguenta mais, me ajude a terminar essa pista de rastejo”, ou ainda “Senhor, me ajuda a dar o próximo passo”. O desespero era tanto, que eu não tinha muita opção além de confiar em Deus. Os dias sombrios passaram, e hoje sou testemunha que Deus cuidou de mim.

Assim como na história do povo de Israel, as dificuldades e os pontos mais críticos de nossa caminhada cristã são algumas das formas que Deus usa para que possamos nos reaproximar dEle em dependência e submissão. Não à toa Tiago nos manda sermos gratos pelas nossas provações:

“Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes.”

Depois de passarmos por esses momentos extremos com o Senhor, não precisamos de provas da existência dEle, tudo fica muito claro. No meu caso, eu percebi o poder e a ação da oração no meu campo básico não pelo que outros me falaram, eu mesmo vi: Deus esteve comigo no vale da sombra da morte. Ao me recuperar do campo, semanas depois, surgia uma indagação no meu coração: “O que me faz achar que no conforto da minha rotina eu preciso menos de Deus do que na noite mais fria do campo?”

O conhecimento de Deus é aperfeiçoado de uma maneira diferente em meio às lutas. Como disse Jó, que após perder todos os seus bens, família e até saúde, viu o mover e a restauração de Deus:

“Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem.” Jó 42:5

O Senhor está à procura de homens e mulheres que o busquem de todo coração e aprendam a confiar nele em meio à dor. Que assim como Moisés, seus braços estejam erguidos em intercessão, e que você possa experimentar como Deus responde orações.