A vida é como fumaça

“Nada faz sentido”, diz o Mestre. “Nada faz o menor sentido.” (Eclesiastes 1.2 NVT).

O livro de Eclesiastes faz reflexões profundas sobre a vida e seu sentido. O autor introduz o conceito de hevel (ou hebel), termo hebraico que significa vapor, fumaça. Para ele, a vida é hevel.

Algumas versões traduzem o termo como “vaidade” (em vão), trazendo a ideia de ilusão e inutilidade, em que a vida terrena não tem propósito ou significado algum. Tudo o que fazemos e todas as nossas realizações são inúteis: “é como correr atrás do vento” (verso 14 NVT).

Outros tradutores entendem que o termo se refere ao caráter impermanente e instável da vida, assim como o vapor que não tem peso e não permanece, mas logo se dissipa. Esta última percepção nos leva a uma perspectiva diferente de entender Eclesiastes: hevel não se refere tanto à vida ser inútil e sem sentido — temer a Deus, por exemplo (Ec 12.13), é algo que já confere algum sentido para a vida —, mas sim de ser instável, breve e passageira. Esta compreensão é mais coerente se considerarmos o livro em sua totalidade.

Instável, breve e passageira

É angustiante o fato de que a vida seja breve, passageira e aparentemente sem sentido. Como a fumaça, ela é instável e não podemos segurá-la com nossas mãos. Não temos controle sobre ela.

Como a fumaça, ela não nos permite ver com clareza, não sabemos o que será do dia de amanhã:

“Prestem atenção, vocês que dizem: “Hoje ou amanhã iremos a determinada cidade e ficaremos lá um ano. Negociaremos ali e teremos lucro”. Como sabem o que será de sua vida amanhã? A vida é como a névoa ao amanhecer: aparece por um pouco e logo se dissipa.” (Tiago 4.13-14 NVT).

Conclusão

Se as coisas são assim tão perturbadoras, se a vida é incerta, breve e passageira, será que nos resta alguma esperança? Há algo em meio a fumaça que possa dar sentido ao nosso miserável viver? Tentaremos descobrir.