O Mistério Revelado

Ao abrir o capítulo 3 da carta aos Efésios, somos conduzidos a um dos pontos mais altos da revelação do Novo Testamento. O apóstolo Paulo, que outrora perseguiu a Igreja, agora se apresenta como prisioneiro de Cristo Jesus "por amor de vós, gentios". Ele não era um prisioneiro de César, mas de Cristo — alguém cativo do propósito divino, inteiramente submisso à vontade de Deus.

Aqui ele introduz algo profundo e precioso: o mistério que lhe foi confiado por revelação. Esse mistério não é algo misterioso no sentido moderno, como se fosse algo obscuro ou indecifrável. Pelo contrário, é uma verdade que esteve oculta por séculos, guardada no coração de Deus, e agora foi trazida à luz por meio da revelação do Espírito Santo — e especificamente confiada a Paulo como apóstolo aos gentios.

E qual é esse mistério? Paulo diz que é o fato de que os gentios são coerdeiros, membros do mesmo corpo e coparticipantes da promessa em Cristo Jesus, por meio do evangelho. Essa revelação abala toda a estrutura religiosa judaica da época: agora, em Cristo, não há mais separação. Os gentios — considerados "de fora", sem aliança, sem Deus no mundo — foram introduzidos plenamente no povo de Deus. Não como cidadãos de segunda classe, mas como parte do mesmo corpo. O Corpo de Cristo, onde não há judeu nem grego, mas todos são um n’Ele.

Isso muda tudo. Não se trata apenas de um privilégio doutrinário, mas de uma nova realidade espiritual. A Igreja não é uma continuação do judaísmo, nem tampouco uma instituição humana — é o resultado do eterno propósito de Deus: formar um povo celestial, unido em Cristo, onde Ele mesmo é a Cabeça.

Esse mistério, revelado agora a todos os santos, exige uma resposta prática: devemos viver conscientes dessa unidade e dessa nova identidade. Nossa vida não é mais individual ou apenas moral — é corporativa, é espiritual, é em Cristo. Isso nos chama a abandonar toda forma de divisão, orgulho espiritual ou separação, e a reconhecer a dignidade que cada membro do Corpo possui, não por mérito próprio, mas pela graça.

Cristo é o centro, o vínculo, o fundamento e o fim de tudo isso. Quando compreendemos isso, somos libertos de uma religião natural, e introduzidos numa comunhão espiritual verdadeira.

Oração:

Senhor, abre os olhos do nosso coração para vermos o que foi revelado a Paulo — esse glorioso mistério de Cristo e Sua Igreja. Ajuda-nos a viver de forma digna dessa chamada, reconhecendo nossa união contigo e com todos os santos. Que o nosso viver reflita a realidade do Corpo, para Tua glória. Amém.