Tempo de ReconstruçãoExemplo

Reconstruindo com Graça

O rei Artaxerxes, naqueles dias, estava completamente rendido aos planos do Senhor. Notou que Neemias estava muito triste e lhe perguntou o motivo, ao que ele respondeu, tão somente após orar a Deus durante quatro meses, esperando ocasião oportuna e direção divina. Neemias fez uma oração diante do rei e da rainha, dita, na teologia, como oração relâmpago. Entendemos que seu pedido era para que tornasse as suas palavras sábias diante do rei. A oração rápida e eficaz é resultado do hábito da oração contínua, e esse hábito, ao longo do tempo, fará com que você perceba o momento oportuno em que ela poderá ser eficazmente realizada. Aqueles que se deleitam na comunhão com Deus e não perdem o relacionamento com o Senhor descobrem que, ao surgir a emergência, e apenas em um dado momento, ele pode orar tão verdadeiramente e com tanta eficácia quanto em seu próprio quarto.

Neemias 2.4 diz: “Disse-me o rei: Que me pedes agora? Então, orei ao Deus dos céus.” Neemias, agora segundo a orientação do Espírito de Deus, responde ao casal real: “Como poderia, majestade, não estar triste pela aflição de saber o estado em que se acha a cidade dos meus patriarcas, minha querida pátria, onde estão os sepulcros de meus antepassados!? Os seus muros estão completamente em ruínas e as suas portas reduzidas a cinzas!”

“Se é do agrado do rei, e se o teu servo acha mercê em tua presença, peço-te que me envies a Judá, à cidade dos sepulcros de meus pais, para que eu a reedifique” (Ne 2.5). Dá-me, ó rei, o favor para que eu vá e reedifique a cidade dos meus pais, que se me dê também o que faltar para completar a restauração do Templo e dos muros (Ne 2.7,8).

Abramos aqui um parêntese importantíssimo. Vejamos um verdadeiro patriota. Neemias provavelmente não era da linhagem real, porém da tribo de Judá. Segundo o historiador Flávio Josefo, ele também não era da linhagem sacerdotal, mas tão somente um adorador do Senhor Deus. Não importa quem você é ou o que você faz. Há uma pequena verdade do evangelho que leva todo homem a perguntar: “O que Deus quer de mim? Onde Ele quer me usar para Sua glória?”

O glorioso evangelho do bendito Deus segue conosco, interessado em tudo o que nos diz respeito como homens – em casa, nos negócios, na cidade, no campo, em todos os assuntos nacionais, em todo o mundo. Um cristão pode almejar lançar-se à vida pública sem outro motivo a não ser o sentimento patriótico e, em virtude de ser cristão, ficará feliz em deixar a luz de Deus brilhar sobre seus objetivos e motivos. A Bíblia nos dá inúmeros exemplos de homens em todas as posições para as quais o dever os conduziu; dentre eles, temos brilhantes e nobres estadistas.

Este livro de Neemias não ensina que o mundo pertence ao diabo, e que quanto menos lidarmos com ele, melhor. Não é verdade! “A terra é do Senhor e toda a sua plenitude.” Os homens da Bíblia não são monges contemplativos, mas estão bem no meio do mundo e ocupados com seus assuntos. Seus profetas e mensageiros são homens cuja vida inteira tem a ver com os conselhos de reis, com os caminhos das cidades e cortes.

Lembro o que fez nosso grande teólogo, Calvino. A Suíça foi transformada, em primeiro lugar, pelo amor ao Evangelho do Senhor Jesus e, em segundo lugar, pelo povo simples e humilde. Certo é que a transformação na Suíça transbordou para toda a Europa. Seguramente, é impossível pensar na religião de Jesus Cristo como outra coisa senão um profundo e ansioso interesse pelo bem-estar de nossos semelhantes – de seus corpos, de seu trabalho, de suas casas na terra, bem como de suas almas, de sua adoração e de como chegar ao céu.

O patriotismo de Neemias era baseado na religião, daí o interesse pelos seus longínquos irmãos em aflição. Neemias não mediu sacrifícios por seus compatriotas. Existem homens, milhares deles, que vivem sem propósito algum na vida, absorvidos em si mesmos, como se nada valesse a pena. O amor à pátria, por ser o berço em que nascemos, e aos compatriotas, não é uma intolerância tacanha, como imaginam alguns no seu pretenso amor pela humanidade universal. É um princípio de natureza humana implantado em nossos corações para propósitos mais sábios.

Um patriota perfeito foi Jesus, nosso Senhor. Mateus 23.37 diz: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós não o quisestes!” Este é um exemplo sublime que foi seguido de perto pelo apóstolo Paulo, cujo amor apaixonado pelos seus compatriotas o leva à ousada declaração descrita em Romanos 9.1-5.

Retornando ao texto, o rei recebeu tão bem o pedido de Neemias que, não somente concedeu o que ele desejava, como prometeu escrever aos seus governadores para que o tratassem com muita honra e o ajudassem em tudo o que ele precisasse. É certo que o rosto de Neemias se tornou tão alegre quanto antes estava triste. Neemias partiu com cartas para a Babilônia, de onde levou várias pessoas de sua nação, e chegou a Jerusalém no vigésimo quinto ano do reinado de Xerxes.

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Questões para edificação:

1.Compartilhe no seu grupo familiar alguma experiência em que você viu Deus lhe usando em ocasiões corriqueiras (Ne 2.1,2).

2.Observe que em nenhum momento é mencionada a cidade de Jerusalém (Ne 2.3,5). Por quê? Pesquise em Esdras 4

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Francisco Wellighton Gomes Farias, pastor auxiliar na Igreja Presbiteriana de Manaus.