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A Caverna

Talvez algumas coisas não estejam acontecendo assim do jeito que você imaginou. Quero te lembrar de Davi na caverna de Adulão, tudo o que ele tinha ali era uma promessa. Da calmaria do campo, onde cuidava das ovelhas do seu pai, ao encontro com Samuel e a surpresa de ser ungido rei; algum tempo depois, lutando contra Golias diante de duas nações; em seguida no palácio tocando harpa, liderando os exércitos de Israel; de genro do rei, à caverna de Adulão.

Perseguido por Saul, fugindo com a roupa do corpo, fingindo-se de louco, abstruso na caverna de Adulão. Na penumbra, com um futuro incerto, no desconforto do frio e da falta de esperança, na escassez de alimento e de qualquer outro tipo de recurso.

Tudo o que restou a Davi foi uma promessa. Quantas vezes ele deve ter deitado ali para morrer, completamente perdido e sem saber o que fazer. Tudo que Davi precisava era da promessa, mas a primeira provisão que Davi recebe de Deus, na caverna, parece mais um problema do que uma solução.

Também juntaram-se a ele todos os que estavam em dificuldades, os endividados e os descontentes; e ele se tornou o líder deles. Havia cerca de quatrocentos homens com ele (1Samuel 22.2, NVI).

Uma pequena multidão de 400 desesperados. Não era o peixe, eram o anzol e a linha. Não era o que Davi esperava, mas era o que precisava. Frustrante, não?! Deus nem sempre responde às nossas orações do jeito que pedimos. Ele nem sempre concorda com os nossos pedidos, com aquilo que julgamos necessário para viver o nosso chamado, alcançar a promessa. Pedimos por peixe, ele nos dá os meios para alcançá-los.

Ele que aparentemente só queria fugir, sumir, acabou se tornando símbolo de esperança e resistência para uma pequena multidão de amargurados de espírito. O primeiro time que ele tem a oportunidade de liderar nessa que talvez tenha sido a pior fase da sua vida, longe de ser um time perfeito, era uma equipe da qual a maioria de nós fugiria!

Não era o exército dos sonhos de ninguém. Eles não tinham treinamento militar, não estavam bem alimentados, não estavam bem armados; porém, todos tinham a motivação certa, a disposição de espírito necessária.

Muitas vezes o que queremos não produzirá os resultados que desejamos, então Deus nos dá exatamente o que precisamos. Aqueles homens, com todas as suas insuficiências e habilidades, moldariam Davi, e Davi os afiaria, pois “assim como o ferro afia o ferro, o homem afia o seu companheiro” (Provérbios 27:17).

Com aqueles 400 endividados e amargurados de espírito, Davi decide viver imediatamente a sua promessa de se tornar rei sobre Israel. Ele ainda não era de fato, mas já era de direito. A unção e autoridade já estavam sobre a sua vida, por isso ele decide agir como tal. Ao saber que o povo de Queila estava sendo atacado, ele reuni o seu ‘exército’ e decide salvá-los.

Com aqueles 400 homens Davi alcançaria as primeiras vitórias militares de sua carreira solo. Junto com eles, ele veria a promessa se tornando realidade, primeiro em Judá, depois em Jerusalém. Cada um daqueles endividados e amargurados de espírito tinha uma contribuição e um propósito no todo daquilo que Davi seria enquanto rei. E, a partir dali, através de cada batalha, o seu espírito se transformava e a promessa se cumpria, acontecia. O centro do seu chamado não eram coisas, tesouros, palácios, mas sim pessoas – e isso ele já tinha.

Talvez você também tenha recebido uma promessa de Deus e, junto com ela, aquilo que você entende hoje como uma pequena multidão de desafios e problemas. É possível que sua equipe não empolgue e que, longe de palácios, a sua paisagem mais corriqueira nos últimos dias sejam cavernas. Como aconteceu com Davi, não era o que você queria, era o que você precisava.

Você já tem em seu poder tudo aquilo que Deus queria lhe dar para cumprir o seu chamado, eventualmente não são as coisas ou as pessoas que nós escolheríamos, mas são aquelas que Deus achou que deveria nos dar. Ele não errou. Cabe a você decidir se vai continuar na caverna ou não.