Mulheres Movendo-se Pelo Propósito - RuteExemplo

“Assim pois, foram-se ambas, até que chegaram a Belém; e sucedeu que, entrando elas em Belém, toda a cidade se comoveu por causa delas, e diziam: Não é esta Noemi? Porém ela lhes dizia: Não me chameis Noemi; chamai-me Mara; porque grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso.” - Rute 1:19,20

Como lemos ontem, a história de Rute é mudada ao entrar para a família de Noemi; a moabita agora faz parte do povo de sua sogra e isto lhe faz abrir mão de viver entre os da sua pátria para ir morar entre o povo de Deus.

Porém, a volta para casa nem sempre é tão feliz e Noemi está vivendo isso. Ao ser reconhecida pelos seus, enquanto retorna, ela que possui o nome que significa ”agradável”, “delicada”, agora reivindica um novo nome, conforme a situação em que está vivendo: Mara, que significa “amargura”, “aflição”. Em outras ocasiões, na Bíblia, lemos sobre Deus mudando o nome das pessoas, reis dando um nome novo aos escravizados, mas, no caso de Noemi, foi ela quem decidiu que queria ser chamada por esse nome que exprime sua atual situação, sim, ela estava sentindo-se amargurada e aflita por ter perdido seu esposo e filhos.

Não pretendemos julgar esse posicionamento de Noemi, porque o que ela estava enfrentando era realmente algo dramático, mas, precisamos destacar mais uma vez Rute. Ela acaba de abandonar em definitivo o lugar onde nasceu, seus familiares, está chegando em um lugar diferente, com pessoas que nunca viu antes e também carregando o fardo da viuvez, como sua sogra. Uma só tinha a outra e Noemi se esquece disso por um instante quando declara: “Cheia parti, porém vazia o Senhor me fez tornar; por que pois me chamareis Noemi? O Senhor testifica contra mim, e o Todo-Poderoso me tem feito mal” (Rute 1:21). Realmente ela saiu com mais três pessoas e voltou somente com uma, mas ela não voltou “vazia”, como disse; Noemi perdeu o filho, porém, ganhou uma filha leal e dedicada, só que está tão focada no que lhe faltava que se esqueceu de agradecer a Deus pelo que tinha.

Quantas vezes não somos assim também? Agimos como Rute, reclamando daquilo que perdemos ou não alcançamos e deixamos de perceber a importância daquilo que já temos. E, se for no caso de pessoas, às vezes somos livradas de relacionamentos que só nos causam mal, mas não conseguimos enxergar que quem ficou ou quem Deus colocou ao nosso lado, nos faz bem. Pense um pouco se não costuma ser assim.

Voltando à personagem principal deste devocional, Rute não se ofende com a fala de Noemi, ao menos, não há nada na Bíblia que nos leve a pensar isso; nem que ela, que também é viúva e estrangeira, sente-se constrangida ou acuada na sua nova terra. Pelo contrário, assim que chegam, Rute pede “autorização” à sua sogra para sair e trabalhar. Ela não fica parada ou conformada com a situação em que estão, mas antes, se levanta e vai em busca de alimento para ela e para sua sogra, entendendo que precisa prover e que ficar parada se lamentando não vai mudar o fato de que ambas são viúvas e estão desamparadas (porque mulheres viúvas, sem filhos e sem posses, naquela época, dificilmente conseguiam se manter, precisavam da ajuda dos outros). Mas, Rute não. Ela estava acostumada com o trabalho no campo e foi para lá que pediu para ir, já que retornaram justamente na época da colheita de cevadas (v.22). Ela fez uma declaração que nos faz pensar em como era sua fé: “Deixa-me ir ao campo, e apanharei espigas atrás daquele em cujos olhos eu achar graça” (Rute 2:2b). Não seria o mesmo que dizer: “seguirei quem Deus me direcionar”, trazendo para nossa linguagem? O que demonstra que ela tinha plena certeza no Deus que ela cria.

Antes de continuar com a história de Rute, precisamos aprender com sua postura e fé mesmo quando não proferiu palavras de sabedoria, mesmo quando foi simples e decidida.

Nosso exercício para hoje é pensar em como anda nossa fé em meio ao caos e à dificuldade… será que estamos conseguindo manter o equilíbrio diante de situações adversas e que não parecem ter solução? Saber se posicionar com inteireza de fé em meio a desesperança também é mover-se em direção ao propósito. Rute não tinha noção de qual futuro ela e sua sogra teriam, mas estava disposta a vivê-lo, porque cria completamente em Deus. E você, tem crido completamente em Deus? Creio que o propósito que Rute carregava em seu coração era viver com sua sogra, independente de onde estivessem, mas ela não se movia como alguém derrotada e que estava aceitando sua situação; pelo contrário, elas mal chegaram e Rute se levanta para trabalhar, se move em direção ao propósito de sustentar sua sogra, como sabia que era sua responsabilidade. Ela assume o propósito e move-se para realizá-lo.

Então, que possamos entender que precisamos nos mover com intencionalidade, que as escolhas e decisões que tomarmos precisam nos fazer alcançar o propósito. Talvez você ainda não saiba qual é o propósito, então ore e pergunte a Deus. E pode ser que Ele não te revele o propósito por completo, mas vá movimentando-se, conforme Ele for te mostrando; porém, mova-se como Rute, com fé. Ela sabia que acharia a pessoa certa a quem seguir naquele campo, e achou; só que esse assunto é para outro dia.