De nada terei falta.

[...] Eu não me importo se não viverei mais desse lado, hoje eu me sinto livre de tudo que me entristecia e eu não percebia. Sara já foi ver os campos para decidir onde será melhor plantar nossos mantimentos, algumas pessoas que estavam no discurso já vieram para cá e trouxeram coisas de sua antiga casa, estamos dando um jeito de viver bem aqui, e o melhor de tudo, todos testemunhamos de restaurações. A vida aqui é boa Bila, boa demais. [...]A Trilogia do Fim - Os Bons e os Maus. Capítulo 4: Os Vales.

O Salmo 23 é um dos mais conhecidos pela comunidade cristã e diversas vezes lemos o primeiro versículo como um mantra quando queremos algo. Passamos por uma vitrine que exibe um belo sapato, avistamos um telemóvel de última geração, uma roupa ou qualquer outro bem material e logo dizemos "o Senhor é meu pastor e nada me faltará", saímos então da frente daquele enorme vidro com um sorriso no rosto e uma esperança no coração: ganhar do Senhor aquilo que acabámos de ver. Os momentos de aflição, medo e incerteza também são alvos da repetição desse salmo. É naquele dia que vemos que a comida não vai durar o mês todo, que o dinheiro não será suficiente para comprar algum remédio ou que a nossa casa não suporta mais uma chuva ou frio que encontramos acalento nos seis versículos escritos por Davi.

O trecho do livro descrito acima passa-se no momento em que o Reino Pesménos foi dividido em dois: o Vale dos Bons (onde os apoiantes do príncipe viveriam) e o Vale dos Maus (onde os que acreditavam na Estrela - a saber, Jesus - passariam a viver). Essa divisão foi feita no meio da noite e os crentes foram praticamente despejados num vale sem casas, comida, roupas quentes e qualquer tipo de ajuda. O intuito do príncipe era que eles desistissem da fé e retornassem ao seu conforto fornecido pelo mundo.

A Nova Versão Internacional (NVI) traduz o salmo 23 de uma forma muito interessante. No seu primeiro verso podemos ler "O Senhor é meu pastor; de nada terei falta" - não ter falta de nada e não sentir falta de nada são coisas diferentes. Os cristãos da história tinham falta de diversas coisas, atirados no nada, tendo de trabalhar arduamente para conseguir o básico. Eles, aos poucos, foram recebendo da provisão de Deus, talvez não da forma como esperavam, mas a única coisa que importava os acalentava dia e noite. O Senhor era pastor daquele povo, mesmo com frio eles não sentiram falta das cobertas do mundo, mesmo com fome eles não sentiram falta dos manjares do mundo, mesmo a trabalhar para construir casebres, eles não sentiram falta dos casarões dados pelo príncipe.

Dias difíceis são consequência do mundo caído em que nos encontramos, mas, mesmo no meio de problemas, testemunhamos da presença do Único que não nos poderia faltar, Cristo Jesus o nosso Salvador. Ter fé que Ele veio, morreu pelos nossos pecados e esperar ardentemente a Sua volta faz-nos permanecer, testemunhar de milagres, alegrias e restaurações. De facto, dias maus chegam à nossa porta, mas não seremos abatidos. O objetivo deste plano é ajudá-lo a permanecer na fé de forma a que possa testemunhar o quão boa é a vida com Cristo.