Dia 8 - A jornada do Salmo 23 - parte 1

Nos próximos 3 dias, esmiuçaremos um pouco mais do famoso Salmo 23, também descrito como um hino, um salmo de confiança no cuidado do Senhor.

Davi o inicia apresentando Deus em duas imagens: o Senhor, que cuida das ovelhas, e o Senhor, como anfitrião que cuida de seu hóspede. Ambas as ilustrações eram familiares à experiência de seu cotidiano, pois ele mesmo foi pastor de ovelhas antes de ser nomeado o rei de Israel.

No primeiro versículo, aprendemos que, assim como um pastor cuida de suas ovelhas, o Senhor cuida de seu povo, atendendo suas necessidades, guiando seus caminhos e o protegendo. No contexto literal do habitat das ovelhas, os pastos verdejantes e as águas de descanso são lugares calmos para que possam descansar e buscar alimento.

Tal como um pastor leva suas ovelhas para este lugar maravilhoso, o nosso Senhor nos promete provisão perene e descanso oportuno. Ele vê o nosso dia a dia, sabe como está a situação de nossa dispensa e conta bancária, sabe da nossa correria e insônia. Ele não faz vista grossa para a necessidade de seus filhos e essa certeza deve inundar nosso coração de paz e consolo.

O refrigério da alma diz respeito à restauração ou renascimento da nossa própria vida, dando-nos vitalidade e disposição. As veredas da justiça são os caminhos pelos quais Deus guia seus servos justos à direção moral e básica da vida, não como um fardo de regras e conduta, mas como uma seta que aponta para a justiça.

Gosto do trecho “por amor do seu nome”. Soa como uma assinatura ao final de um contrato. Um carimbo que afirma que aquele conteúdo é original e verdadeiro. Querida, o próprio Deus assina sua “carta de cuidado” a nós, a fim de preservar sua reputação por manter-se verdadeiro ao próprio caráter. É como se Ele dissesse: sou bom, não posso negar bondade aos meus queridos, isso iria contra quem eu sou.

No contexto do antigo Oriente, a ideia de “vale da sombra da morte” era sinônimo de “trevas profundas”, passando a ideia de um vale no deserto ou um barranco, onde haviam sombras profundas que impediam de avistar bandidos, feras ou perigos naturais que ofereciam incerteza e perigo. Ao contrário dessa vulnerabilidade, o nosso pastor oferece segurança simplesmente por estar conosco, guiando-nos com sua vara norteadora e seu cajado modelado especialmente para não nos deixar olhar para lados perigosos.

As ovelhas são animais completamente dependentes de direcionamento e absolutamente ingênuas. O pastor precisa sempre estar por perto, pois se distraem muito facilmente e se tornam presas fáceis para animais ferozes que sempre estão por perto.

Outra característica marcante é que são medrosas. Caso não sintam o cheiro, não vejam ou não ouçam a voz do pastor, podem se assustar a ponto de sair correndo sem rumo e se perderem do aprisco. Caso isso aconteça, a morte é quase certa, pois não sabem se defender de predadores ou lutar por suas vidas. Ficam paralisadas, aguardando resgate e entregues à própria sorte. Qualquer semelhança é mera coincidência, não é?

Nós precisamos de um pastor. É mandatório para nossa sobrevivência. E este Salmo, em especial, é uma declaração de dependência e amor. O autor Edward T. Welch diz que “conforme você desiste da autoconfiança e das estratégias pessoais de autoproteção, você começa a pôr sua confiança nele.”

Ao nos darmos conta do quão dependentes somos da voz do nosso pastor, há duas posturas possíveis: correr para o aprisco para ficar o mais perto possível dele, ou manter uma atitude arisca e obstinada, colocando a própria vida em perigo. O Salmo 23 não faz uma exigência mas sim um convite ao declarar verdades profundas à nossa alma.

Te encorajo a escrevê-lo de próprio punho, como uma declaração de amor. Se quiser, reescreva-o em suas próprias palavras e leia em voz alta sempre que a ansiedade vier à porta.