De Perdidos a RedimidosExemplo

Um Religioso Perdido
Era Páscoa, e Jesus estava em Jerusalém (Jo 2.23). Sinais e prodígios eram realizados por Seu intermédio e, por esse motivo, muitos creram nEle. No entanto, essa fé, em alguns casos, não era genuína. O Dr. Matthew Henry afirma que a expressão “crer em seu nome” (Jo 2.23) estava relacionada apenas a um ato de perplexidade, oriundo de uma admiração superficial. Por isso, o evangelista João afirma que Jesus “não se confiava a eles, porque os conhecia a todos” (Jo 2.24). Isso evidencia que o apóstolo João queria revelar a nós a própria onisciência de Jesus, que, sendo Deus, é conhecedor de todas as coisas, sejam do passado, do presente ou do futuro, inclusive da natureza humana.
Muitas pessoas estavam acreditando em Jesus ao presenciarem os Seus sinais e milagres. Nesse cenário, surge um homem chamado Nicodemos, “um dos principais dos judeus” (Jo 3.1), que, por discrição, receio da exposição devido à sua posição religiosa e social, ou por uma profunda inquietação na sua alma, foi procurar o Mestre à noite (Jo 3.1-2). Após ouvir Nicodemos reconhecer que falava com o Mestre vindo de Deus, Jesus foi incisivo. Ele não afirmou, nem negou, nem refutou o que Nicodemos disse. Jesus simplesmente o confrontou, dizendo: “Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (Jo 3.3).
Jesus foi direto ao ponto: “Nicodemos, eu o conheço, sei da sua história. Na verdade, o que você precisa é de regeneração por meio do Espírito de Deus. Você precisa nascer de novo!”. Em outras palavras: “Nicodemos, se você não nascer de novo, continuará cego e não verá o Reino de Deus.”
A interpelação do texto, dirigida a Nicodemos e, por conseguinte, a nós, é: “Você já nasceu de novo?”. O termo grego usado por Jesus para “nascer de novo” é “anothen” (v. 3), que significa “nascer de cima”, “do alto”, “do céu”. Isso quer dizer experimentar a regeneração do Espírito de Deus para a vida eterna.
Portanto, três argumentações precisam ser feitas neste texto sobre o novo nascimento:
Em primeiro lugar, para ser salvo, é preciso nascer de novo (vv. 3-8). Nicodemos tinha uma vida irrepreensível diante da sociedade. Era fariseu, modelo de religiosidade. O problema do farisaísmo, apontado por Jesus, estava nas suas práticas e ensinamentos legalistas. Além disso, os fariseus eram respeitados na sociedade judaica da época por sua ética e moral. Assim, se deleitavam de boa reputação em Israel. Ele certamente fazia parte da elite governante de Israel, o Sinédrio, pois João diz que ele era “um dos principais dos judeus” (v. 1). Ele era mestre, homem versado na religião judaica, conhecedor da Lei, dos Escritos e dos Profetas. Jesus o chama de “mestre em Israel” (v. 10). Ele possuía uma cultura elevadíssima. O nome Nicodemos era grego, pois os judeus de classe alta davam aos seus filhos nomes judaicos e gregos, evidenciando que ele tinha conhecimento da Lei dos judeus e também da filosofia grega. Era um homem culto. Jesus viu em Nicodemos alguém com muitos predicados e qualidades, mas totalmente perdido e necessitado da Graça de Deus. Ele precisava “nascer da água e do Espírito” (v. 5). E isso independe dos nossos méritos. A salvação é um ato unilateral e intencional que vem de Deus. Por isso, precisamos reconhecer que somos pecadores e que carecemos da Graça de Deus. Somente pelo novo nascimento podemos ser salvos.
Em segundo lugar, para ser salvo, é preciso saber que o novo nascimento é um ato exclusivo da soberana Graça de Deus.“O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, e nem para onde vais; assim é todo o que é nascido do Espírito” (v. 8). Foi isso que Jesus disse a Nicodemos: a salvação não é resultado do que nós fazemos. Não é por causa da nossa religiosidade, moralidade ou qualquer comportamento ético. É exclusivamente obra do Espírito de Deus em nós. Por isso, o vento — “pneuma” — sopra soberanamente em nossas vidas, operando em nós tanto o querer quanto o realizar a boa vontade de Deus. É o Senhor Jesus quem nos dá condições de dizermos sim para Deus (Rm 10.9-10).
Em terceiro lugar, o salvo pela Graça de Deus manifesta os efeitos do novo nascimento (vv. 8-15). Jesus ministra ao coração de Nicodemos que o agir do Espírito tem um impacto transformador e regenerador e que, além da imputação da fé e do arrependimento, começamos a viver em novidade de vida. Os efeitos são notórios. Observe o próprio apóstolo João dizendo: “(...)todo aquele que pratica a justiça é nascido dele” (1 Jo 2.29). Quem é nascido de Deus não vive na prática do pecado (1 Jo 3.9). Finalmente, “(...) todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus” (1 Jo 4.7). Quem, de fato, é salvo pela Graça de Deus testifica e vivencia os efeitos da salvação.
Por fim, sinceramente, você tem convicção de que nasceu de novo? Que o Senhor Jesus estabeleça em sua vida a convicção da Graça Irresistível e o(a) traga a Ele eternamente.
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Questões para edificação:
1-Como foi o encontro de Nicodemos com Jesus? (Jo 3.2)
2-Qual o confronto de Jesus com a fé de Nicodemos? (Jo 3.12)
3-Você tem refletido a Graça redentora de Jesus e os frutos da salvação no seu cotidiano?
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Pr. Francisco Chaves dos Santos, pastor efetivo na Igreja Presbiteriana de Manaus.
Escritura
Sobre este plano

A IPMANAUS convida você a mergulhar no plano de leitura "De Perdidos a Redimidos", um devocional de 6 dias que revela o poder transformador do amor e da graça de Deus. A partir das histórias de Nicodemos, do filho pródigo, da dracma perdida, do jovem rico e de uma vida sem direção, vemos que ninguém está fora do alcance do olhar de Jesus. Não fomos nós que O encontramos, foi Ele quem nos buscou, nos chamou e nos resgatou, em Sua graça soberana. Um convite a refletir sobre a misericórdia de um Deus que jamais desiste de nós.
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Gostaríamos de agradecer ao Igreja Presbiteriana de Manaus - IPMANAUS por fornecer este plano. Para mais informações, visite: instagram.com/ipmanaus