Esperança na MadrugadaExemplo

Quantas horas você realmente dorme por noite?

Quando meu bebê era pequeno, decidi fazer as contas. Uma noite típica:

• 01:55 – despertei
• 03:25 – acordada novamente
• 05:35 – outro despertar

No fim, cerca de cinco horas de sono picado.

A ciência nos lembra que o corpo humano precisa de 7 a 9 horas de descanso. Com razão: nosso cérebro, hormônios e emoções dependem disso. Mas a ciência também reconhece contextos, e a maternidade é um deles. Estudos indicam que o corpo da mulher ativa uma forma especial de sobrevivência nesse período — como se dissesse:

“Você vai dormir em pedaços, mas ainda assim vai amar, alimentar, acolher.”

Chamam isso de sono bifásico ou polifásico adaptativo.

E, se a ciência já aponta para adaptação, a Bíblia nos lembra que Deus nos criou com essa capacidade e nos sustenta: o corpo se ajusta, o coração se entrega, e Ele permanece conosco mesmo quando não conseguimos 8 horas de sono contínuo.

Mas descobri algo profundo: bebês acordam; mães se cansam; o amor sacrificial é real, mesmo quando não é bonito. Não se trata de birra, manipulação ou falta de rotina. Muitas vezes, é simplesmente maturidade em formação. Cada bebê tem seu próprio tempo para amadurecer o sono.

Lembro de uma noite na praia, chegando de madrugada. Uma ventania forte nos impediu de entrar na casa. Era 2h da manhã, e o único lugar disponível parecia saído de um filme de terror.

E então o Espírito Santo me lembrou do Salmo 4:8:

“Em paz me deito e logo pego no sono, porque o Senhor me faz repousar em segurança.”

Fiquei envergonhada. Mulher de pouca fé… eu estava com meu marido e filhos, em segurança, e ainda assim o medo me paralisava.

Então pensei nos nossos bebês. Eles ainda não conseguem confiar plenamente no escuro, ainda não se sentem completamente seguros. Por isso chamam. Por isso acordam. Não por manipulação, mas porque ainda estão em formação — amadurecendo.

Essa realidade nos leva a uma profunda lição teológica: se nós, adultas e conscientes, precisamos ser lembradas de quem nos guarda, quanto mais nossos filhos pequenos! Jesus nos lembra, em Mateus 11:28-30, que o descanso não é apenas físico, mas espiritual:

“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.”

O cuidado noturno de uma mãe é uma pequena imagem do cuidado de Cristo por nós. Quando levantamos para acolher, alimentar ou consolar, estamos refletindo a mansidão e a fidelidade de Jesus. Cada gesto cansado é um eco do amor sacrificial de Cristo: Ele não descansa enquanto não nos vê seguros, e nós, como mães, somos chamadas a participar desse reflexo de cuidado e presença.

Acolher o despertar noturno é, portanto, um lembrete silencioso e sagrado: assim como cuidamos de nossos filhos, o Senhor está acordado, sustentando-nos em cada vigília, mesmo quando estamos exaustas. É a graça Dele que nos permite continuar, oferecendo amor, cuidado e presença, mesmo com o corpo cansado.