Dia 3 - A casa na Rocha

Noites de chuva, com temporais, ainda me causam medo e ansiedade. Trata-se de um trauma de infância. Morávamos em uma casa que ficava na parte mais baixa da rua. Quando chovia muito, o rio que passava atrás da casa, costumava encher e transbordar, provocando enchentes em todas as casas mais baixas. Se a chuva começasse a engrossar, era certo: olhávamos pela janela e o quintal estava enchendo. A correria era grande para tirar os tapetes do chão, colocar os eletrodomésticos em cima das cadeiras e tampar as entradas das portas com estacas de madeira. Muitas vezes, essa cena aconteceu durante a madrugada.

Por isso, até hoje fico arrepiada quando a chuva está forte e a ventania faz a porta estremecer com tamanha pressão. Com muita frequência perco o sono se isso acontece de madrugada. Mesmo morando em prédio, sinto novamente como se a água da enchente fosse entrar a qualquer momento pelo vão da porta da sala.

Infelizmente, muitas famílias sofrem com desastres como este, especialmente no Brasil. É terrível ver seus bens materiais sendo destruídos, sem que você possa salvá-los. E o lamaçal que fica no dia seguinte é de deixar qualquer pessoa desesperada, seja pelo cheiro, seja pela sujeira espessa.

Assim como a enchente entra de forma avassaladora em casas desprotegidas, os problemas da vida nos invadem sem aviso prévio e sem oferecer chance de fuga. Ficamos à deriva, o que é um prato cheio para a ansiedade e o medo. Para onde devemos ir?

Coincidentemente, Cristo fala sobre enchentes em Lucas 6. Veja só:

“Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando? Todo aquele que vem a mim, e ouve as minhas palavras, e as pratica, eu vos mostrarei a quem é semelhante.

É semelhante a um homem que, edificando uma casa, cavou, abriu profunda vala e lançou o alicerce sobre a rocha; e, vindo a enchente, arrojou-se o rio contra aquela casa e não a pôde abalar, por ter sido bem construída.

Mas o que ouve e não pratica é semelhante a um homem que edificou uma casa sobre a terra sem alicerces, e, arrojando-se o rio contra ela, logo desabou; e aconteceu que foi grande a ruína daquela casa.”(v 46 a 49)

Se fizermos uma lista das certezas a respeito da vida cristã, uma das primeiras será: as tempestades virão. Procure em todos os cantos da Bíblia e não poderá encontrar uma única promessa de prosperidade, paz ou vitória sem aflição e lutas. Faz parte da jornada em um mundo caído, infelizmente. Mas, a parte boa é que podemos nos sentir seguras, mesmo em meio ao caos, se nossas bases estiverem sobre a Rocha, que é Cristo.

Quem ouve a voz do Mestre e faz o que Ele instrui e ordena, não se abalará. Ao invés de se entregar às ondas de ansiedade, temor e insegurança, permanecerá firme nas palavras de quem enfrentou a morte e venceu. E essa condição está disponível a você, minha irmã. Seja este tempo de terra firme e sol brilhante ou de tempestade feroz, finque os pés na Rocha. Encha o coração da Palavra, ore sem cessar e confie sem reservas.

As tempestades chegam, mas não duram para sempre. Esteja você no meio de uma crise ou ansiosa pelo momento que ela pode lhe afligir, faça uma escolha consciente de permanecer com os pés firmados no Senhor, ainda que o cenário futuro pareça assustador. Pode Deus? Deus pode!