Quem És Tu, Cristão?Sample

É sempre surpreendente a maneira como o livro dos Salmos não retira o elemento da luta da chamada ao louvor. Não há romantização na adoração porque ela pede a inteireza de quem somos, e todos nós somos pecadores por inteiro. Quando me dou à adoração sem uma expetativa de transformação, faço-me passar por uma criatura em quem Génesis 3 ainda não aconteceu, capaz de uma elevação espiritual que ignora a confissão - hipocrisia é o nome que a Bíblia dá a este esquema. Por isso, serei um cristão a sério apenas quando for o primeiro a desconfiar de mim mesmo sempre que o meu amor declarado ao Saltério não exibir nenhuma nódoa negra.

Um dos exemplos mais claros desta luta é o Salmo 51. O rei David, homem de guerras, trava a maior guerra de todas contra o seu pecado. Este pecado hediondo contra Bate-Seba, Urias e o povo de Israel, é sobretudo uma ofensa contra o próprio Deus. Este rei, à mercê da intervenção divina, precisa de um coração transformado e alerta contra a tentação sexual, a cobiça e a traição. Mas David sabe que isso não é possível se os seus desejos não forem realinhados. A este pecador arrependido não interessam paliativos para a dor que sente, mas a cura definitiva. Olhos vendados e pensamentos bloqueados não chegam; só a alegria renovada na salvação de Deus pode restaurar ossos esmagados.

Quantos são os pecados que teimamos em cair porque nos concentramos nas soluções provisórias e ignoramos o gozo que nos agarra e nos impede de atentar para todo o resto? A nossa luta, que não é contra a carne e o sangue, trava-se no coração onde enganos e desejos desordenados têm de ser arrancados pela raiz. Neste campo minado precisamos de mãos cirúrgicas que o transformem em pastos verdejantes. Se formos nós a mexer rebentamos tudo. A nossa luta pela fé é a luta pela alegria indestrutível em Jesus que, entregando-Se à pior derrota de todas, venceu a morte para ganhar tudo para nós.