E pediu para si a morteExemplo
O SUICÍDIO IMPEDIDO
O cuidado de Deus para com a vida de Moisés se torna mais claro quando vemos que a Bíblia também conta a história de alguém que, ao invés de apresentar a Deus seu sofrimento, acabou tirando sua própria vida, justamente por não ter conseguido exercer seu papel como líder: Aitofel. Ele é alguém que lembra ao leitor do destino que poderia ter sido compartilhado não apenas por Moisés, mas também por aqueles pastores que sofrem e não buscam ajuda. Afinal, Aitofel era um grande líder, era um “sábio conselheiro”, “um sujeito de confiança” e “um estrategista”, mas veio a escolher o suicídio como caminho, ao invés de se dirigir a Deus.
O suicídio de Aitofel, como bem indicou Cleydemir Santos, pode ser pensado como egoísta, mas também como anômico — segundo as categorias de Durkheim —, uma vez que foi decorrente de seu conselho não ter sido ouvido. Ele é narrado em 2 Samuel 17.23, onde é dito que: “Quando Aitofel viu que Absalão não havia seguido seu conselho, selou seu jumento, foi para sua cidade natal, pôs seus negócios em ordem e se enforcou. Assim morreu, e foi sepultado no túmulo da família”.
Não fica claro, portanto, se a morte de Aitofel se deu por ele ter sentido que era socialmente inútil, em virtude do seu conselho ter sido rejeitado — o que configuraria um suicídio egoísta —, ou se foi por ele ter previsto a tragédia que viria, sendo um suicídio anômico, como poderia ter sido o caso de Moisés.
Afinal, o fato de o rei Absalão ter preferido o conselho de Husai, em vez do conselho de Aitofel, trouxe a desgraça, uma desgraça planejada por Deus, visto que “o Senhor havia decidido frustrar o sensato conselho de Aitofel a fim de trazer desgraça sobre Absalão” (2 Sm 17.14b). Uma desgraça que Aitofel, sendo sábio e experiente, pode ter previsto, tendo preferido a morte a ver a ruína de seu rei Absalão, talvez arrependido de ter tomado o partido errado, vendo que Davi, a quem ele traiu, sairia vitorioso. Teria visto, segundo Flávio Josefo, que “agora ele era um homem perdido, pois Davi venceria e voltaria ao trono”.
Outra possibilidade é que Aitofel pode ter escolhido se enforcar para não ser morto como traidor. Tal enforcamento, que os judeus tomaram como resultado de uma maldição de Davi, poderia ter como objetivo, da parte de Aitofel, que sua família herdasse seus bens, o que não ocorreria caso ele fosse declarado como traidor antes de sua morte, motivo que levaria seus bens passarem ao rei.
Seja como for, há semelhanças entre Aitofel e Moisés: ambos não somente “lidavam com o destino de uma nação, e com muita gente em questão, com sua liderança em cheque” , mas também sentiram a rejeição de sua liderança, como se estivessem sendo deslocados e excluídos da sociedade. Sendo assim, o sentimento que fez “Moisés pedir para morrer é o mesmo que fez Aitofel se matar”, como bem lembrou Cleydemir Santos algo que muitos líderes, ainda hoje, acabam sentindo e pensando, por causa da pressão que sofrem.
No entanto, junto à grande semelhança entre Moisés e Aitofel está a grande diferença entre os dois: a atitude de Moisés, ao pedir a morte para si, “se assemelha muito e, ao mesmo tempo, se distingue infinitamente da atitude de Aitofel”. Afinal, “como Aitofel, Moisés viu a sua própria ruína e fracasso na relação com o povo”. Porém, ao apresentar seu desejo de morte perante Deus, Moisés tomou uma atitude completamente diferente daquela de Aitofel, que lhe permitiu olhar para além de si mesmo e da situação na qual se encontrava.
As Escrituras
Sobre este Plano
Para além dos casos de suicídio na Bíblia, há também os casos de prevenção ao suicídio: pessoas que quase desistiram, chegando ao ponto de pedirem para si a morte, mas que foram amparadas e cuidadas por Deus. Este plano de leitura traz a história de Moisés e fala sobre o cuidado de Deus na vida deste grande homem. Comece agora!
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