E pediu para si a morteExemplo
E como não se cobrar? No passado, no tempo do relógio de ponto, havia uma distinção clara entre o tempo do trabalho e o “não trabalho”. Havia o espaço do trabalho — a fábrica, a loja, a igreja etc. — e o espaço do “não trabalho”, que era o espaço privado. Hoje, porém, “edifícios de trabalho e salas de estar estão todos misturados”, de modo que “torna-se possível haver trabalho em qualquer lugar e qualquer hora”, uma vez que “laptop e smartphone formam um campo de trabalho móvel”, vivenciado cada vez mais após a pandemia com o home office.
Com isso, por mais que tais ferramentas pudessem ajudar para que a cobrança fosse diminuída, o que vemos é o inverso: cada vez mais, com a entrada do trabalho no espaço privado da vida, a vida é transformada em trabalho, de modo que, cada vez mais, “não temos nenhum outro tempo senão o tempo de trabalho”, uma vez que, com as novas tecnologias, “não podemos mais escapar do trabalho”, que nos acompanha aonde formos e modifica tudo que fazemos, transformando tudo em tempo de trabalho.
Até o registro dos momentos especiais (e sua publicação nas redes sociais, claro!) se torna um dever, se torna uma medida de mensuração e um espaço a se desempenhar, nos transformando em mercadoria a ser comercializada na internet. Faz com que até mesmo memórias e sentimentos sejam transformadas em números — por curtidas, comentários e compartilhamentos — a fim de poder ser convertidas “na linguagem do desempenho e da eficiência”.
Assim, tendo o mundo todo como comparação (pois todos são colocados diante dos nossos olhos), cada pessoa acaba concorrendo consigo mesmo e, portanto, procurando superar a si mesmo, o faz até sucumbir. Esse sucumbir, hoje, muitas vezes tem um nome: Burnout. Trata-se de um colapso psíquico no qual o sujeito de desempenho se autodestrói ao mesmo tempo que se realiza.
Uma realidade que tem alcançado cada vez mais os pastores, cujo esgotamento se dá por não limitarem sua função pastoral a uma parte de suas vidas, as quais acabam sendo reduzidas ao pastorado. Isso chega a parecer, como lembra Wayne Cordeiro, “mais admissível” uma licença que seja resultante de um colapso do que aquela que é decorrente da sabedoria de evitá-lo. É como se fosse um dever o pastor se doar até à morte.
Contra isso, Wayne Cordeiro, que passou por uma situação de Burnout, adverte: “Eu experimentei isso. Você não precisa experimentar”. Podemos, tal como Moisés, admitir nossa necessidade de ajuda, e pedirmos uma licença antes de chegarmos ao fundo do poço. Podemos não somente atuar na prevenção a um extremo, como o suicídio, mas também na prevenção àquilo que muitas vezes é o seu caminho, como o Burnout e a depressão. Não é necessário vivenciarmos tais situações para tomarmos decisões a fim de nos cuidarmos, podemos aprender com as experiências alheias, como a do próprio Moisés.
Quanto à depressão, que está vinculada ao Burnout, pode ser pensada como a tomada de consciência, ou pelo menos o sentimento de que se “está cansado, esgotado de si mesmo, de lutar consigo mesmo”. E, por mais absurdo que possa parecer, ao invés de se desistir daquele desempenho que se projetava, muitos preferem desistir da própria vida. Em vez de baixarem as expectativas, e aprenderem a se contentar com o andar em passos lentos, com a ajuda de outros, muitos preferem negar o seu “eu real”, a fim de tornarem a própria morte em uma afirmação daquele “eu ideal” que projetavam.
As Escrituras
Sobre este Plano
Para além dos casos de suicídio na Bíblia, há também os casos de prevenção ao suicídio: pessoas que quase desistiram, chegando ao ponto de pedirem para si a morte, mas que foram amparadas e cuidadas por Deus. Este plano de leitura traz a história de Moisés e fala sobre o cuidado de Deus na vida deste grande homem. Comece agora!
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