E pediu para si a morteExemplo
Mas que verdade é essa que precisamos ver e admitir? Precisamos entender que hoje “vivemos dias em que cada vez mais pessoas estão se sentindo sobrecarregadas, cobradas e cansadas”60. E, admitindo que tal realidade afeta também a Igreja e seus líderes, precisamos pensar em suas causas. Afinal, já não podemos mais nos iludir que a lógica competitiva do mercado está fora das igrejas, uma vez que é cada vez mais evidente que uma das razões do sofrimento pastoral é que “a lógica do mercado, com sua ótica na produtividade, adentrou nas igrejas minando boa parte da essência espiritual”.
É evidente que, se mesmo Moisés sentiu tal “peso”, há razões que ultrapassam o tempo, as quais são causas que permanecem, de lá para cá, através dos séculos. Porém, a intensificação do sofrimento dos pastores, nos últimos anos, acompanhada pelo aumento dos casos de depressão e suicídio, nos indicam que há novos problemas que, tendo surgido recentemente, devem ser percebidos a fim de serem combatidos.
Segundo o filósofo Byung-Chul Han, a depressão na atualidade pode ser pensada a partir de uma nova causa: a “pressão de desempenho”. Segundo ele, a sociedade atual já não é mais uma sociedade disciplinar, como era a sociedade em que o pai da psicanálise, Sigmund Freud, vivia, e que o levava a ver a angústia como decorrente de um sentimento de culpa. Hoje, a sociedade é uma sociedade do desempenho, no qual a depressão é resultado de uma autoexploração do indivíduo sobre si mesmo.
Diferentemente do tempo de Freud, no qual as pessoas eram cobradas externamente, hoje a cobrança é interna: cada pessoa, como seu próprio patrão, cobra cada vez mais o próprio desempenho, fazendo uma verdadeira “guerra consigo mesmo”, na qual “o depressivo é o inválido dessa guerra internalizada”. Ou seja, a depressão pode ser pensada, em grande medida, como o resultado da autocobrança de cada pessoa em desempenhar, ao máximo, a sua função na sociedade.
Hoje, mais do que nunca, as pessoas se comparam umas às outras e, em vez de atentarem para seus limites, admitindo-os e lidando com eles, se imaginam como plenas de potencial inalcançado. É o que Han chama de “positividade”: a afirmação de um “eu-ideal” que, contraposto ao “eu real”, acaba resultando em uma “autoagressividade”, que muitas vezes “se agudiza e desemboca num suicídio”. Ou seja, quando imaginamos que poderíamos e deveríamos ser mais do que somos, ao invés de valorizarmos quem nós somos, e desfrutarmos de nossa vida, vivemos com agressividade contra nós mesmos, numa autocobrança destrutiva e sem fim.
No caso de pastores, isso se dá de forma ainda mais forte. Afinal, em decorrência de um “mito” a respeito dos pastores, muitas vezes há uma cobrança, até mesmo inconsciente, de que os pastores sejam perfeitos, a qual é internalizada por muitos vocacionados. Assim, “diante da exigência de uma perfeição divina, em que a pessoa é pressionada a não vivenciar sua humanidade, acaba também por negar seus sentimentos de tristeza, de fracasso, bem como de seu cansaço”.
Ou seja, pressionados e se pressionando pela perfeição, muitos pastores tentam anular ou, pelo menos, abafar seus sentimentos, tornando-se em verdadeiras “bombas relógio” emocionais. Tornam-se, assim, reféns “do próprio script, não podendo apresentar principalmente adoecimentos emocionais”, pois não condizem com a imagem que constroem para si mesmos. Cobram, assim, cada vez mais de si mesmos, incorporando uma tendência do mundo que se torna parte do ambiente eclesiástico.
As Escrituras
Sobre este Plano
Para além dos casos de suicídio na Bíblia, há também os casos de prevenção ao suicídio: pessoas que quase desistiram, chegando ao ponto de pedirem para si a morte, mas que foram amparadas e cuidadas por Deus. Este plano de leitura traz a história de Moisés e fala sobre o cuidado de Deus na vida deste grande homem. Comece agora!
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